Fechamento de terminais de ônibus em São Paulo revolta Haddad: ‘É inaceitável’
Grupo dissidente organizou paralisação que surpreendeu o Sindicato dos Motoristas e prefeito, que criticou estratégia de rejeitar acordo salarial aceito em assembleia
Publicado 20/05/2014 - 18h38
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, que a mobilização de motoristas e cobradores realizada durante todo o dia de hoje (20) é inaceitável. “Eles estão fazendo uma guerrilha inaceitável. Mandaram as pessoas e os motoristas descerem dos ônibus, atravessaram os veículos nas ruas e jogaram fora as chaves. Isso depois de uma assembleia que aprovou o acordo de reajuste. Nunca vi isso em nenhuma parte do mundo”, disse.
Treze terminais de ônibus permanecem paralisados em São Paulo, após mobilização de motoristas e cobradores da viação Santa Brígida, Transppass e Gato Preto que não aceitaram o encerramento das negociações entre o sindicato da categoria (Sindmotoristas), o sindicato patronal (SPUrbanuss) e a prefeitura. A mobilização teve início às 9h50 de hoje (20) nos terminais Pirituba, na zona norte; Pinheiros, na zona oeste, e Princesa Isabel, no centro. Diversos ônibus foram estacionados em corredores, afetando também as linhas que não são atendidas pela empresa.
Para Haddad, a questão de divergência entre grupos do sindicato não pode afetar a população. “Isso deve ser discutido dentro do sindicato. O que a população tem a ver com isso? O sindicato tem de discutir isso entre sua diretoria, seus afiliados. Tem instâncias para cobrar um acordo que não se concorde: Delegacia Regional do Trabalho, Justiça do Trabalho. Isso tem legalidade. Mas a população não tem nada a ver com isso”, afirmou.
Mais cedo, Haddad já tinha pedido providências ao secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. A São Paulo Transporte (SPTrans) comunicou por meio de nota, ainda de manhã, que repudiava “com veemência os fatos ocorridos”, que considera a ação uma “sabotagem ao sistema” e que vai pedir ao Ministério Público a apuração das responsabilidades sobre as paralisações registradas.
A operadora informou que não tem como acionar o Plano de Atendimento Emergencial ao Sistema Estrutural (operação Paese), porque os ônibus não teriam para onde ir, com os terminais fechados e os corredores obstruídos.
Além dos três citados, a empresa informou que estão fechados os terminais Amaral Gurgel, Bandeira e Mercado no centro; Lapa, Barra Funda, Butantã, na zona oeste; Cachoeirinha, Santana e Casa Verde, na zona norte; e Sacomã, na zona sul. Corredores como o da rua da Consolação, avenidas Nove de Julho e General Olímpio SIlveira, e o largo do Paissandu, no centro, estão tomados por coletivos estacionados.
Tanto a SPTrans como o Sindmotoristas se disseram surpresos com a ação.
Por meio de nota, o sindicato informou que “na assembleia geral, que ocorreu no final da tarde, mais de 4 mil trabalhadores compareceram e aprovaram a proposta apresentada que foi de reajuste salarial de 10%; tíquete mensal de R$ 445,50; PLR de R$ 850; melhoria dos produtos da cesta básica (o sindicato irá determinar as marcas); 180 dias de licença maternidade; e o reconhecimento da insalubridade”. A entidade explica que “irá verificar de onde partiram as manifestações e o motivo real que levou os trabalhadores a tomarem essa atitude”.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu o rodízio municipal de veículos.
Com agências