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CUT e movimentos propõem ação para cobrar de Alckmin crise da água em São Paulo

Deputado petista recolhe assinaturas para protocolar pedido de CPI para apurar as perdas de água e contratos da Sabesp com empresas de ex-diretores

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Adi considera ainda que a crise de abastecimento pode afetar as empresas na região e o emprego de milhares de pessoas

São Paulo – A CUT, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Central dos Movimentos Populares (CMP) anunciaram hoje (13) que vão organizar uma mobilização para denunciar falta de ação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) sobre a crise de abastecimento que afeta oito milhões de pessoas na capital e na Grande São Paulo. “Vamos nos reunir com os demais movimentos para organizar esse processo. Vamos convocar associação de bairro, igrejas, todos os que podem ser impactados por essa situação”, prometeu o presidente da CUT de São Paulo, Adi dos Santos Lima.

As entidades realizaram um seminário na tarde de hoje, na Assembleia Legislativa, para discutir os impactos da falta de água em São Paulo.

O dirigente cutista disse também que a entidade questionará na Justiça uma possível implementação da multa sobre o consumo de água, por considerá-la inconstitucional. A medida é defendida por Alckmin, como forma de forçar a economia de água da população abastecida pelo Sistema Cantareira, que hoje chegou a apenas 8,6% da capacidade.

Adi considera ainda que a crise de abastecimento pode afetar as empresas na região e o emprego de milhares de pessoas. “A crise pode provocar desemprego, principalmente na região de Campinas, Guarulhos e Jundiaí. E aumento do custo de vida. A água está envolvida em todos os setores industriais, na produção de alimentos. Sem ela, além dos problemas sociais diretos, podemos ter problemas de empresas buscarem lugares com melhor oferta de água”, explicou.

Para os movimentos, a seca no Sistema Cantareira é fruto da má gestão do governo estadual e da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). E não somente um problema climático ou culpa da população que gasta demais. “Está faltando mobilização de rua para cobrar do governo estadual esclarecimentos em relação à crise e explicar a falta de investimentos e do acesso à água”, afirmou Benedito Barbosa, coordenador da CMP.

Pessoas presentes ao seminário denunciaram que, embora o governador negue a existência de racionamento de água, a medida é uma realidade na capital paulista.

Jadir Bonancia, morador da Casa Verde, zona norte, e militante do MAB, disse que todas as noites a região fica sem água, contando apenas com as caixas d’água de cada residência. “Nunca fomos informados oficialmente, mas por volta de 22h não tem mais água vindo da rede. E só volta pela manhã”, afirmou.

A situação se repete na Penha, zona leste, onde o pedreiro Clóvis Alves dos Santos, 53 anos, e a família sabem que não podem contar com o abastecimento entre 22h e 7h da manhã do dia seguinte. “Moramos lá há três anos e nunca aconteceu isso. Começou faz três meses”, afirmou.

O aposentado José Gonçalves, 70 anos, morador do Grajaú, na zona sul, contou que seu bairro também fica sem água durante a noite. Pior, ele conhece moradores de Parelheiros, mais ao sul, que estão furando poços para suprir a falta de água. “No Jardim São Norberto, no Jardim São Nicolau, além das ligações de água precárias, tá faltando muita água”, afirmou. A situação se torna mais complicada, porque essa região não é sequer abastecida pelo Sistema Cantareira.

O deputado estadual Marcos Martins (PT) quer investigar essas e outras situações, através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia. O objetivo principal seria investigar as perdas de água da Sabesp. A companhia tem um contrato de R$ 400 milhões com a companhia japonesa de desenvolvimento – Jica –, executado desde 2009, mas cuja situação continua a mesma: perde-se cerca de 30% da água tratada para a região metropolitana de São Paulo.

Martins também quer investigar a contratação de empresas de ex-diretores da Sabesp, que prestam serviço para a companhia, sobretudo em manutenção de redes. A assessoria de imprensa de Martins informou que 26 parlamentares assinaram a proposta. São necessários 32 para que o pedido seja protocolado.

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