Sem pressão

Rui Falcão tenta convencer Vargas a renunciar ‘para preservar partido’

Presidente do PT defendeu hoje (23) que o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados renuncie ao cargo de deputado, mas nega que tenha ido à Brasília para pressionar a bancada

Richard Casas/PT

Rui Falcão: renúncia reduz desgaste da imagem do partido durante processo na comissão de ética da Câmara

Brasília – Depois de reunido por mais de uma hora com parte da bancada do PT na Câmara dos Deputados, o presidente do partido, Rui Falcão, defendeu hoje (23) que o ex-vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR), renuncie ao cargo de deputado. Apesar de reconhecer que há divisão entre os petistas em relação à questão, Falcão negou que tenha ido à Brasília para pressionar a bancada e garantiu que está usando o “convencimento” para uniformizar uma posição.

“A melhor solução para André Vargas é que ele renuncie, mas essa é uma decisão personalíssima. Nenhum partido ou bancada impõe às pessoas a renúncia, mas é um pedido que temos feito e reiterado a ele, para que reflita e converse”, disse. “Tenho o maior respeito pela nossa bancada. Jamais qualquer dirigente do PT se dispôs a enquadrar ninguém. Nossos processos são de convencimento. Nunca de enquadramento”, garantiu Falcão.

Ele deixou claro que o “trabalho de convencimento” vai continuar baseado em, pelo menos, dois argumentos. Um seria a vida pessoal de Vargas, mas Falcão deixou claro que “o principal argumento é a preservação do partido”, apesar de descartar que haja uma preocupação sobre os reflexos das denúncias na disputa eleitoral deste ano.

Vargas tem mais uma semana para pensar sobre o assunto. A reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que ocorreria ontem (22), foi adiada para o dia 29, depois de um pedido de vista.

O parecer do relator do processo disciplinar contra André Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), chegou a ser lido na sessão. O relator defendeu a continuidade da investigação, para que sejam apuradas as denúncias de tráfico de influência e o recebimento de vantagens indevidas no possível envolvimento do parlamentar paranaense com o doleiro Alberto Youssef.

Para o presidente do PT, caso Vargas renuncie, “não faria sentido o Conselho de Ética prosseguir qualquer processo diante de um réu que não é mais deputado”. Falcão disse que o conselho tem um poder limitado e lembrou que o colegiado apenas pode propor uma solução entre advertência, suspensão ou expulsão do parlamentar.

Ainda na Câmara, Rui Falcão evitou falar sobre os pedidos de investigação dos negócios da Petrobras e os convites que foram aprovados nas últimas semanas para ouvir autoridades da estatal e do governo a respeito de denúncias envolvendo a empresa.

Alguns requerimentos aprovados hoje em três comissões permanentes da Casa tiveram o apoio de parlamentares da base governista. “Parlamentares apoiaram convocações para fazer esclarecimentos e evitar a manipulação que vem sendo feita por setores da oposição e parte da mídia monopolizada”, argumentou.

 

Leia também

Últimas notícias