Guarulhos

Biblioteca comunitária negocia compensação por terreno perdido para PM

Biblioteca que perdeu espaço de atividades para a expansão de base da PM pode receber novo espaço, mas terá de arcar com reformas e adequações

Jailton Garcia/RBA

Conselho gestor deve dar mais segurança a biblioteca

Guarulhos (SP) – A biblioteca comunitária do Parque Cecap, em Guarulhos, na Grande São Paulo, pode receber um novo terreno em compensação ao que foi tomado pelo 44º batalhão da Polícia Militar para abrigar reforços que serão contratados para a Copa do Mundo. A negociação entre a comunidade local, o clube onde a biblioteca está sediada e a Polícia Militar, vizinha de muro da biblioteca, teve início com uma reunião na segunda-feira (7) e poderá sacramentar um acordo até a próxima segunda, quando as partes voltam a se encontrar. “Ficou combinado que o clube vai nos apresentar um novo espaço para nossas atividades. Ainda não sei onde seria esse espaço, precisamos ver”, conta Marieta Dutra de Jesus, voluntária que administra o espaço.

Em 31 de março, um espaço a céu aberto de cerca de 250 metros quadrados que era utilizado pela biblioteca para a realização de atividades culturais com a comunidade, como oficinas sobre arte e sustentabilidade, foi ocupado pela PM para construir uma extensão do estacionamento da base ou como instalação para novos soldados. O terreno pertencia originalmente ao Clube de Mães do bairro, fechado em 2012 para dar lugar à base da polícia, mas estava sem uso desde então; com a troca do comando da base, em dezembro de 2013, e com a vinda de mais policiais para a Copa do Mundo, no entanto, os planos mudaram e a biblioteca acabou desalojada de seu espaço externo.

“Não tivemos acesso ao espaço que o clube vai nos oferecer, mas estamos inseguros. Nosso medo é que seja menor. De qualquer forma, todo o custo de reformas e de construção do acesso direto à biblioteca será nosso. Vamos ter de dar um jeito”, afirma o estudante Marcus Vinicius, de 22 anos, que participa de um grupo de estudos que se encontra na biblioteca e ajuda a desenvolver atividades educativas no local. A biblioteca precisa de um espaço ligado ao prédio que ocupa, uma vez que Marieta é a única que faz “expediente” no local, das 9h às 12h.

O secretário de Cultura de Guarulhos, Edmilson Souza, que participou da reunião como observador, comprometeu-se a ajudar a melhorar as condições da biblioteca. “Existe um conflito muito grande ali, mas a questão não pode ser tratada como caso de polícia, e sim como caso de inclusão”, afirma. “A Secretaria de Cultura está colocando bibliotecários, acervo e computadores à disposição da biblioteca comunitária. Vamos criar um conselho gestor para a biblioteca, com representação eleita no bairro. Dessa forma, acreditamos que podemos resolver o conflito institucionalizando quem trabalha pela leitura no bairro”, completa.

Com o conselho gestor, a biblioteca seria incluída no sistema municipal de bibliotecas e passaria a ter maior segurança jurídica para negociar com o poder público. Além disso, o secretário afirmou que está organizando os últimos detalhes para a reabertura do Ponto de Cultura do clube comunitário –havia uma unidade no local até 2012, mas que, por dificuldades financeiras da associação de moradores, foi desalojado para dar lugar a uma academia de musculação, fechada em seguida por se tratar de um estabelecimento privado em terreno público.