São Paulo – A Polícia Militar anunciou ontem (20) que retirou de página na internet o panfleto “Dicas de Segurança em Condomínios” para evitar que as figuras impressas no material provocassem “interpretações indesejadas”. No panfleto – que traz recomendações a síndicos, moradores e funcionários para evitar a ação de criminosos – apenas os funcionários são representados por uma caricatura de pele negra. A PM também aconselha “cuidados especiais” em relação a trabalhadores em três dos 15 conselhos impressos no folheto.

“Numa análise detida, reconhecemos que o resultado pode, de fato, gerar interpretações indesejadas, e completamente diferentes daquilo a que se propôs, razão pela qual o retiramos prontamente da web para revisão e ajustes”, explicou, em nota, a Sala de Imprensa da Polícia Militar. Além de estar disponível na internet, o folheto também foi impresso e distribuído em condomínios da capital. “Dessa maneira, lamentamos que o material em questão possa ter causado qualquer entendimento diverso do esperado.”

De acordo com a PM, houve uma desatenção por parte do profissional responsável pela produção do panfleto no momento de escolher os personagens. “Certamente, a inserção de um funcionário negro não teve viés racial”, sustenta a corporação, justificando o que considerou uma desatenção. “Segundo o diagramador, ele quis representar, em sua arte, a etnia negra, sem atentar que a sua escolha recaía justamente no funcionário, ensejando uma possível interpretação de discriminação.”

Quanto às recomendações para que síndicos e moradores sejam cautelosos com os funcionários, a PM explica que o folheto foi elaborado por analistas de segurança pública com base no histórico de ocorrências criminais em condomínios. “A participação de funcionários nesses crimes, especialmente no fornecimento de informações privilegiadas a quadrilhas, é algo relevante, infelizmente”, sublinha. “Daí a importância de se orientarem condôminos para os cuidados especiais com funcionários.”

Entre as dicas de segurança para síndicos, a PM recomenda que se solicite antecedentes criminais e pessoais dos funcionários a serem admitidos, e que se fiscalize a rotina de trabalho dos empregados, acompanhando de perto suas condutas. Os moradores são alertados a não comentar sobre a vida íntima, patrimônio e ganhos na frente de estranhos ou mesmo de funcionários. “É importante ressaltar que a maioria absoluta dos funcionários é composta por trabalhadores honestos e dedicados, mas isso não descarta os cuidados indicados”, ressalva a corporação.