Complexo da Maré, no Rio, é ocupado
Presidenta Dilma assinou na sexta-feira decreto dando poderes de polícia ao exército, que será enviado ao Rio nos próximos dias para colaborar no controle da Maré
Publicado 30/03/2014 - 15h15
Operação começou às 5h com a entrada de 21 blindados da Marinha à frente das tropas e foi encerrada às 7h
Rio de Janeiro – Cerca de 1.200 policiais, com o apoio da Marinha, ocuparam neste domingo (30) o Complexo da Maré, um grupo de 15 favelas considerado o mais perigoso do Rio de Janeiro. A operação, começou às 5h com a entrada de 21 blindados da Marinha à frente das tropas e foi encerrada às 7h.
Os policiais ocuparam paulatinamente a comunidade, onde vivem cerca de 130 mil pessoas, em pouco mais de duas horas, mas a busca por armas e drogas ainda deve durar vários dias.
A ocupação da Maré foi preparada nas últimas semanas com a presença constante de policiais nos acessos do Complexo e com operações em outras favelas de Rio.
Nos últimos oito dias foram detidas 57 pessoas nestas operações, embora hoje, durante a ocupação, a polícia não tenha encontrado resistência.
O governo do Rio de Janeiro solicitou ajuda ao governo federal para ocupar o Complexo depois de nas últimas semanas ter acontecido uma onda de ataques a policiais, que a polícia acredita ter sido ordenada pelos líderes do tráfico de drogas que se entrincheiraram no bairro.
A presidenta Dilma Rousseff assinou na sexta-feira um decreto dando poderes de polícia ao exército, que será enviado ao Rio nos próximos dias para colaborar no controle da Maré.
O decreto prevê que o exército permaneça até dia 31 de julho, duas semanas depois da final da Copa do Mundo, mas deixa aberta a possibilidade de estender a operação mais tempo.
O Complexo da Maré é considerado o principal centro de distribuição de drogas do Rio de Janeiro por sua localização estratégica, entre a baía de Guanabara e as duas principais estradas de acesso ao Rio, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha.
Receptividade
A população do Complexo da Maré recebeu positivamente a chegada das forças de segurança, segundo o comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, coronel André Vidal. O batalhão ficou responsável por ocupar quatro comunidades: Vila Pinheiro, Baixa do Sapateiro, Vila do João e Parque Boa Esperança, todas até então comandadas por uma facção criminosa.
O oficial falou após a cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil, do estado do Rio e do próprio batalhão, em uma praça ao lado do Morro do Timbau. “O objetivo primeiro foi a tomada pacífica do terreno, sem risco para os moradores. A população nos recebeu com palmas e sorrisos. É só olhar em volta e ver”, disse o coronel.
André Vidal pediu apoio dos moradores com informações que possam levar à apreensão de armas e drogas, além da localização de criminosos. Segundo ele, a população não precisa ficar com medo, pois a operação é definitiva.
“Não é só uma ocupação de força, é uma ocupação social. Espero que os próximos governantes mantenham isso. A polícia veio para ficar, só sairemos com a chegada do Exército.”