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Tatto não quer debate sobre linhas de ônibus na rua, como propõe Passe Livre

Secretário dos Transportes da capital quer discussão reservada e defende que alterações nas linhas reorganizam o sistema

Jailton Garcia

Cerca de 80 linhas já foram modificadas na capital paulista. MPL considera que ação privilegia empresas

São Paulo – O secretário municipal dos Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, afirmou hoje (13) que não considera a frente da sede da prefeitura o local adequado para o debate sobre as alterações em linhas de ônibus da cidade, conforme proposto pelo Movimento Passe Livre (MPL) na segunda-feira (10). “Quando você vai em praça pública não é para fazer um debate. Geralmente, a praça é para fazer discurso. Ou protestar. Não é o local para isso”, disse Tatto. O MPL quer realizar o debate sobre o tema no próximo dia 20.

Tatto afirmou que não quer se furtar do debate, que, para ele, demanda condições para uma explanação clara de critérios técnicos sobre o tema. “Me parece mais adequado você fazer o debate junto ao Conselho Municipal de Transporte e Trânsito. Ou pedir uma audiência. Ou, se quiser, fazer em um órgão independente. Eu só não sei se o local é o mais adequado. Mas vou decidir até o dia 20”.

Em agosto do ano passado, o MPL emitiu nota em que criticava a criação do Conselho, por este ter somente caráter consultivo e não ter condições de comportar a participação da população dos bairros mais periféricos. E assim, não aceitou o convite para compor o grupo.

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O secretário explicou que as alterações de linhas são parte de uma reestruturação geral do sistema de ônibus na capital, que compreende a ‘troncalização’: linhas que só percorrem os corredores e linhas que alimentam os corredores. “Olha a contradição. Não é estranho você ter corredores com muitas linhas e mesmo assim ter pontos cheios de gente? Isso ocorre porque não existe troncalização. Passam muitos ônibus, mas com pouca eficiência”, disse.

O objetivo das mudanças seria chegar à otimização deste sistema com os novos corredores, que devem ter a licitação concluída em março. Os documentos que faltavam foram entregues ao Tribunal de Contas do Município na última sexta-feira (7), e o secretário acredita que o processo deve ser liberado em uma semana.

Tatto afirmou ainda que não é verdadeira a afirmação de que as alterações pioraram a vida dos paulistanos que utilizam o transporte público. “A reorganização do sistema que nós estamos fazendo tem melhorado a cada dia. Fazer o transbordo não significa necessariamente que a pessoa vai perder tempo. Nós fizemos um seccionamento na região do Terminal Cachoeirinha em que a população adorou. Ganhou tempo”, defendeu.

Desde o ano passado, aproximadamente 80 linhas foram alteradas. Dessas, 53 foram modificadas na zona leste. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) chegou a considerar que até 400 linhas pudessem ser alteradas, mas o secretário não confirma esse número. “Não sei se serão necessariamente 400 alterações. Porque a cidade é muito dinâmica em relação ao transporte. Quando se inaugura um novo terminal é natural que se organize as linhas da região em relação àquele local”, ponderou.

Os empresários também não estariam sendo privilegiados pelas mudanças, avaliou o secretário. Para ele, as alterações de linhas são formas de o poder público garantir o melhor desempenho e prestação do serviço.

“Os empresários reclamam porque alguns operam certos locais há muitos anos e acham que a linha é deles. Quando nós fizemos a concessão (em 2002, gestão Marta Suplicy) nós rompemos com isso. O que existe é um sistema que pertence ao poder público e dá ao Executivo a possibilidade de gerir o sistema”, afirmou.

Tatto considerou, no entanto, que algumas linhas podem ter problemas com a alteração e que isso pode ser discutido. “Se há usuários que foram prejudicados por essas alterações nós estamos dispostos a ouvir e reavaliar. Nós não somos os donos da verdade.”

O secretário ponderou que não pode realizar o desejo da maioria da população de embarcar no bairro e ir direto até o centro. “É evidente que o usuário gostaria de embarcar em um ônibus lá em Marsilac (zona sul), por exemplo, e desembarcar no centro. Mas é humanamente impossível, o viário não comporta”, completou.


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