1964

Comissão da Verdade convocará representantes patronais até maio

Segundo sindicalista, coordenador da CNV está convencido da necessidade de responsabilizar quem perseguiu trabalhadores. E filho de Jango pede 'exumação' das reformas de base

© vanguarda politica / reproduçao

CNV buscará esclarecer participação de setores empresariais na sustentação ao golpe e à repressão militar

São Bernardo do Campo (SP) – Até maio, a Comissão Nacional da Verdade deverá convocar representantes de várias empresas suspeitas de colaborar com a ditadura, sob qualquer forma. Depois desse mês, não haverá mais depoimentos. A CNV vai começar a elaborar seu relatório final, previsto para ser entregue em 26 de novembro. Segundo o secretário de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, representante da central no grupo de trabalho da CNV responsável pelo movimento sindical, além de Rosa Cardoso (coordenadora do grupo), o atual coordenador geral da comissão, Pedro Dallari, “está convencido da importância de convocar empresários e responsabilizá-los”.

Para Solaney, este é momento de “desnudar para a sociedade” algumas das ações praticadas pelas empresas. A lista já tem alguns nomes: Folha de S. Paulo, Monark, Ford, Volkswagen, Scania. Não há ainda datas previstas para que representantes desses grupos prestem esclarecimentos. “Não é só o Estado que tem de fazer reparação.”

Segundo ele, o relatório final deve recomendar também a formação de um grupo permanente de trabalho. “O tempo é curto. Para nós, isso é muito importante para que (a discussão sobre punições) não fique para as calendas.”

Filho do ex-presidente, João Vicente Goulart disse que o golpe “civil-militar” não foi apenas contra Jango, mas para evitar as reformas de base. Em analogia ao processo de exumação do corpo de João Goulart, para tentar acabar com as suspeitas de assassinato (oficialmente, Jango morreu de infarto, em 1976), ele afirmou que as reformas também devem ser exumadas.

João Vicente criticou o que chamou de monopólio da imprensa. “É a mesma que se coloca ao lado dos golpistas”, afirmou, citando a criação da lei do 13º salário, em 1962. Ele fez referência aos “saudosistas” do período autoritário. “Diziam que não havia corrupção. Havia, sim, mas nós não sabíamos. Não vamos comemorar (os 50 anos), mas temos de fazer uma profunda reflexão. A democracia venceu, mas temos de avançar no sentido de atingir os mais desfavorecidos.”

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