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Secretário da Segurança Pública mente sobre conduta policial em São Paulo

Fernando Grella havia assegurado que desocupação de hotel na Rua Augusta, no sábado, ocorrera 'dentro da norma'. Vídeo mostra manifestantes amedrontados e agressões gratuitas

Midia Ninja

Ao contrário do que disse secretário, Tropa de Choque cometeu abusos em hotel da Rua Augusta

São Paulo – O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, mentiu à imprensa na última segunda-feira (27) ao elogiar a conduta de policiais em protesto contra a Copa do Mundo ocorrido na capital no sábado (25). No afã de defender seus subordinados das denúncias de que teriam cometido abusos, Grella afirmou que a ação da Tropa de Choque em um hotel da rua Augusta, no centro da cidade, havia se desenvolvido “dentro da norma”.

Porém, um vídeo publicado no YouTube na mesma segunda-feira em que Grella mentia na coletiva de imprensa mostra um policial militar estapeando um fotógrafo. O profissional estava devidamente identificado com crachá e sentado no chão. Ainda assim, e sem esboçar qualquer reação, ele recebe alguns safanões na cabeça. Ao protestar contra a agressão, “Precisa bater nele?”, o cinegrafista que realizava as imagens é ameaçado por um dos policiais. “Dá licença, por favor! Ou você vai querer sentar junto?” Outro soldado ordena, ao se aproximar: “Saia do raio de atuação da gente. Depois toma na cara e não sabe por quê.”

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    Trechos do vídeo revelam ainda que, ao contrário do que atestou o secretário da Segurança Pública, os manifestantes que procuraram refúgio no hotel não entraram no lobby do estabelecimento para causar tumulto. “Não eram manifestantes, eles invadiram o hotel quebrando as instalações”, insistia Grella na última segunda-feira, antes mesmo do início de qualquer apuração sobre as denúncias. “A polícia teve que intervir para restabelecer a ordem. E não temos notícias de nenhuma pessoa ferida por ocasião disso.”

    As imagens mostram jovens amedrontados olhando pela vitrine do hotel. A Tropa de Choque chega e observa a situação. Os homens conversam rapidamente e um deles sugere: “Vamos prender?” Só então decidem invadir o saguão, empunhando armas de bala de borracha e, agora sim, tirando móveis de lugar. Lá dentro, colocam todo mundo no chão. Mais manifestantes são agredidos. E a imprensa é impedida de entrar.

    No final, com o ônibus cheio, a Tropa de Choque deixa a região sob vaias – ou seriam aplausos? – de quem presenciou o operativo. Na segunda-feira, Grella adiantaria: “A polícia vai continuar trabalhando como sempre fez, garantindo o direito de manifestação e procedendo à intervenção firme e à detenção daqueles que praticarem ato de violência”.

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