transporte público

Protesto contra aumento da passagem e a Copa reúne milhares de pessoas em Porto Alegre

Ramiro Furquim/Sul21 O grupo se antecipou e realizou o protesto antes de haver um pedido oficial de reajuste das tarifas Porto Alegre – O primeiro protesto convocado pelo Bloco de […]

Ramiro Furquim/Sul21

O grupo se antecipou e realizou o protesto antes de haver um pedido oficial de reajuste das tarifas

Porto Alegre – O primeiro protesto convocado pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público em Porto Alegre este ano contra o aumento da passagem de ônibus e a Copa do Mundo FIFA reuniu milhares de pessoas no centro da cidade na noite de ontem (23). De acordo com a Brigada Militar, o público foi de 1,2 mil pessoas. Integrantes do Bloco de Luta estimam que o ato contou com mais de 2 mil manifestantes.

O Bloco de Luta repete a estratégia adotada no início do ano passado, quando começou a mobilizar protestos antes mesmo de haver um pedido oficial de reajuste das tarifas por parte dos empresários que operam o transporte público na Capital.No dia 21 de janeiro de 2013,pouco mais de 200 pessoas participaram de  uma marcha contra o aumento.

O ato de ontem (23) começou com cerca de 500 pessoas em frente à prefeitura de Porto Alegre, a partir das 18h. A caminhada teve início às 19h20min pela Avenida Júlio de Castilhos e foi ganhando adesões ao longo do trajeto.

Bandeiras anarquistas, de organizações quilombolas, de comunidades ameaçadas de despejo – como a comunidade Sete de Setembro –, de grêmios estudantis e de partidos políticos como PSOL, PSTU e PCB se fizeram presentes no protesto. Os gritos mais entoados pela população lembram as mobilizações dos primeiros meses de 2013 na cidade, quanto os atos ainda eram bastante restritos à questão do transporte público.

“Somos o povo! E o passe livre! Os ricos vão pagar!”, “Eu pago! Não deveria! Transporte público não é mercadoria!”, “Que sacanagem! É o aumento da passagem!” e “Um! Dois! Três! Quatro! Cinco! Mil! Ou param a passagem! Ou paramos o Brasil!” foram os gritos mais ouvidos na manifestação. Além disso, o caráter contrário à Copa do Mundo ficou bastante claro com frases como “Não vai ter Copa! Vai ter luta!” e “Da Copa eu abro mão! Eu quero mais dinheiro para saúde e educação”.

Até o momento, ainda não há um pedido de reajuste da tarifa de ônibus protocolado na prefeitura. De acordo com a legislação, as empresas só podem realizar a solicitação após ter concedido aumento aos trabalhadores rodoviários – cuja data-base para o dissídio é fevereiro – ou quando a inflação acumulada desde o último reajuste salarial, medida pelo IGP-M, ultrapassar 8%.

Na noite de ontem, enquanto ocorria o protesto do Bloco de Luta, o Sindicato dos Rodoviários aprovou o início de uma greve geral na segunda-feira (27), com previsão de que até 70% da frota poderá paralisar as atividades por tempo indeterminado. As principais reivindicações da categoria são um aumento de 14%, jornada de seis horas de trabalho.

Diálogo com a população nas paradas de ônibus e contêiner incendiado

A marcha teve início na Avenida Júlio de Castilhos e seguiu até o túnel da Conceição. Durante o trajeto, um contêiner de lixo foi revirado.

Em seguida, os manifestantes percorreram o túnel por dentro e caminharam pela Avenida Salgado Filho até a Avenida Borges de Medeiros. Neste momento, aproveitaram para dialogar com a população que esperava os ônibus nas paradas da região. Através do carro de som, ativistas informaram que era o primeiro ato do Bloco de Luta pelo Transporte Público neste ano. “Prefeito Fortunati e empresários do transporte, o povo está cansado de ser explorado. Quem está aqui agora subindo para a Orfanatrófio, para a Restinga e para o Belém Novo quer apenas uma coisa: passe livre”, disseram.

Na Borges de Medeiros, um contêiner de lixo foi incendiado e a agência do banco Santander foi apedrejada. Às 21h, os manifestantes chegaram até a esquina da Rua José do Patrocínio com a Avenida Loureiro da Silva, onde permaneceram para encerrar o ato e iniciar as dispersões. A Brigada Militar acompanhava a marcha pela retaguarda e, neste momento, algumas pessoas queimaram um colchão na Avenida Loureiro da Silva.

Durante as dispersões, há relatos de que várias pessoas teriam sido paradas e revistadas pela Brigada Militar. A reportagem presenciou pelo menos uma dessas situações, na Rua Demétrio Ribeiro, próximo à esquina com a Avenida Borges de Medeiros. Um grupo de pelo menos quatro pessoas foi detido e revistado, cercado por policiais montados em cavalos, enquanto outro brigadiano fotografava os manifestantes.

Após o protesto, surgiram relatos de que algumas pessoas teriam sido detidas e encaminhadas a delegacias. O Sul21entrou em contato com um advogado que integra o Bloco de Luta e, até o fechamento desta reportagem, ele informou que não foram confirmados casos de prisão envolvendo o protesto.

Leia também

Últimas notícias