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Comitês populares querem eleger Fifa pior corporação do ano em votação pela internet

Enquete, patrocinada por ONGs internacionais, vai até dia 20

Public Eye Awards/Divulgação

Organizações populares afirmam que torneio não deixará legado social para o país

São Paulo – Os movimentos sociais reunidos na Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) querem aproveitar uma votação realizada anualmente por ONGs internacionais para eleger a Fifa como a pior corporação do mundo em 2014. Para isso, lançaram a campanha “Fifa, aqui você não apita!”.

A ideia é que internautas acessem o site do prêmio, conhecido como Public Eye Awards, e votem na entidade que organiza a Copa. A Fifa está colocada ao lado de empresas acusadas de abusos, como a companhia de gás Gazprom, as químicas Syngenta, Bayer e Basf e o banco HSBC. A votação termina na próxima terça-feira (20).

“A Copa do Mundo da Fifa contribui para a violação de vários direitos humanos, tais como o direito a uma moradia adequada, o direito à liberdade de movimento, o direito ao trabalho e o direito de protestar”, propagandeia o texto elaborado pela Ancop.

O grupo vem denunciando supostas violações aos direitos humanos nas cidades-sede do torneio desde 2010. “Em contraposição às leis internacionais, despejos foram forçados em todo o território brasileiro em preparação para a Copa, deixando um grande número de pessoas sem abrigo e indigentes.”

A Fifa tem alternado o segundo lugar na corrida com Syngenta, Bayer e Basf. As corporações possuíam hoje (17) quase 50 mil votos cada uma. As indústrias químicas são acusadas por uma ONG ecologista europeia de produzirem pesticidas altamente tóxicos, que estariam matando massivamente “abelhas e outros polinizadores essenciais para o meio ambiente, a agricultura e a produção global de alimentos”.

O ranking da pior corporação do mundo em 2014 está sendo liderado pela Gazprom, com mais de 77 mil votos, devido a derramamentos de petróleo, morte de trabalhadores e riscos de contaminação em novas plataformas operadas pela empresa no Oceano Ártico, entre outras denúncias.

“A votação em si não vai garantir mais direitos para ninguém nem mudar nada no panorama dos direitos que estão sendo violados no Brasil por causa da Copa”, pondera Danilo Cajazeiras, membro do Comitê Popular da Copa em São Paulo, “mas é uma propaganda para relacionar o nome da Fifa em todo o mundo inteiro como pior empresa do ano, e chamar a atenção para o fato de que Copa do Mundo não é só futebol e alegria. Para que o torneio aconteça, tem gente perdendo casa e tendo seu direito de trabalho restringido.”

O Public Eyes Awards é patrocinada pelas ONGs internacionais Greenpeace e Declaração de Berna. A “honraria” é entregue desde 2005 nas vésperas do Fórum Econômico Mundial, que se realiza todos os anos em Davos, na Suíça, reunindo grandes executivos e líderes políticos. No ano passado, o prêmio do público foi vencido pela petroleira anglo-holandesa Shell. Já o júri especializado elegeu o banco Goldman Sachs. Em 2012, os agraciados foram a mineradora brasileira Vale, pela votação popular, e o banco Barclays, pelos especialistas.

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