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Vereador quer retirada de famílias acampadas próximas a represa em São Paulo

Gilberto Natalini (PV) aciona prefeitura, governo estadual e MP contra permanência de três mil pessoas em área na zona sul da capital. Movimento que lidera ocupação nega risco de dano ambiental

MTST

Moradores se reúnem em assembleia para organizar ocupação Nova Palestina

São Paulo – O vereador Gilberto Natalini (PV), da Câmara Municipal de São Paulo, cobrou ontem (4) que a prefeitura da capital, o governo paulista e o Ministério Público Estadual tomem providências contra uma ocupação de sem-teto realizada no último dia 29, no bairro Parque do Lago, na altura do número 7.000 da Estrada do M’Boi Mirim, extremo sul da capital. Segundo o vereador, a ocupação “coloca em risco a Represa de Guarapiranga, a ‘caixa d’água’ que abastece mais de 4 milhões de pessoas na capital paulista”.

Segundo o vereador, a área não é apropriada para moradia. “É uma tragédia ambiental. Aquele local não é adequado para isso. É um remanescente de Mata Atlântica que deve ser preservado e está perto de nascentes que abastecem a represa.” O vereador afirmou ainda que a área possui Decreto de Utilidade Pública, que destina o local à implementação de um parque linear, continuando a preservação iniciada com os parques Municipal e Estadual do Guarapiranga. Até agora não houve retorno dos entes públicos acionados pelo vereador.

Natalini está denunciando a ocupação em todos os espaços que poderiam promover alguma ação contra ela. “Eu estou dialogando com as secretarias do Verde, da Segurança, de Habitação, tanto municipal quanto estadual, já falei disso ontem no plenário e hoje na Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Estou desesperado”, afirmou.

Cerca de 3 mil pessoas ocuparam a área, que tem cerca de dois milhões de metros quadrados, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Elas estão vivendo em barracos de lona e, segundo o movimento, não depredaram a mata local. “A ocupação está do lado oposto ao parque e nenhuma árvore foi destruída com a nossa intervenção”, disse o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos. A área ocupada não é contígua ao parque. Fica do outro lado da estrada do M’Boi Mirim, em uma área verde com algumas clareiras e muitas árvores.

O militante afirmou que a área é privada e que desconhece o Decreto de Utilidade Pública. “Nós estamos dialogando como proprietário do terreno, o senhor Roberto Roschel, com o objetivo de viabilizar a compra da área pela Caixa Econômica Federal e o empreendimento de moradias através do Programa Minha Casa, Minha Vida”, explicou Boulos.

Ontem, os moradores da ocupação, batizada de Nova Palestina, realizaram uma manifestação em frente à Subprefeitura do M’ Boi Mirim reivindicando abastecimento de água e coleta de lixo. Também foram questionar o subprefeito, Antônio Carlos Dias de Oliveira, sobre uma suposta pressão para que o dono do terreno pedisse a reintegração de posse. “O subprefeito negou as pressões, mas não houve acordo para auxílio às famílias”, conta Boulos. Os manifestantes travaram a estrada do M’Boi Mirim por seis horas durante a negociação.

No fim da tarde, dirigentes do movimento foram a uma reunião na Secretaria Municipal de Habitação para discutir políticas de moradia para a região. Sem sucesso. “A reunião estava marcada com o secretário José Floriano Marques Neto, mas fomos atendidos pelo adjunto Marco Biasi, que se mostrou inflexível e não abriu possibilidades de discussão sobre o tema”, disse Boulos.

Até as 16h de hoje não havia pedido de reintegração de posse para a área ocupada. Boulos afirmou que o movimento deve se reunir com Roschel na próxima segunda-feira (9) para prosseguir a negociação do terreno.

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