Habitação

Haddad diz que ocupações, sozinhas, não garantem negociação por moradia

Prefeito de São Paulo diz que novos movimentos devem se aproximar da gestão. Ele teve reunião hoje com representantes da Rede Extremo Sul que reivindica terrenos no Grajaú

Divulgação/Rede Extremo Sul

“Movimento novo” quer atendimento habitacional rápido. Duas mil pessoas vivem em áreas ocupadas

São Paulo – Depois de se reunir com representantes da Rede Extremo Sul, responsáveis pela ocupação de três terrenos nos jardins Varginha, Gaivotas e Lucélia, no distrito do Grajaú, nesta manhã (14), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que os novos movimentos que reivindicam moradia precisam se aproximar da administração para construir juntos uma política habitacional para a cidade. “Não adianta só imaginar que a lógica da ocupação e da violência vai criar um ambiente favorável a isso, é um equivoco”, disse.

A Rede Extremo Sul surgiu em 2010 com o objetivo de organizar comunidades ameaçadas de despejo na região da represa Billings. O grupo, formando por jovens, não tem ligações partidárias nem com os movimentos sociais que atuam na cidade desde os anos 1980 e são historicamente ligados ao PT, legenda do prefeito. Agora, elas pedem que os terrenos ocupados sejam usadas para construir habitações para os ocupantes, em sua maioria locatários de imóveis em regiões próximas.

Desde julho, eles intensificaram sua atuação, coordenando ocupações de terrenos na zona sul e realizando protestos diante da prefeitura. “Nós não podemos continuar atuando na lógica de respostas a ocupações. Nós temos que fazer um projeto juntos. Só esse ano investimos R$ 80 milhões em desapropriação de terras. Não tem precedentes disso na história de São Paulo. Os movimentos de moradia reconhecem isso. Mas, nesse caso, é um movimento novo”, definiu.

A RBA não conseguiu contactar lideranças da Rede Extremo Sul para comentar.

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Haddad assumiu o compromisso de construir 55 mil unidades habitacionais na cidade, dedicadas especialmente às pessoas de baixa renda. Além dos terrenos, 45 prédios estão em processo de desapropriação no centro da cidade. Mas apenas um já teve emissão de posse dada a prefeitura.

Os movimentos tradicionais de moradia estão em uma espécie de trégua com a prefeitura e não realizaram ocupações desde o início do ano. Ainda assim, têm expressado publicamente insatisfação com a gestão de José Floriano à frente da secretária de Habitação. O secretário foi indicado pelo PP, partido do deputado Paulo Maluf.

Ontem, durante audiência pública na Assembleia Legislativa, o coordenador da União dos Movimentos de Moradia, Sidney Pita, afirmou que a gestão está “sem rumo” e pediu mais participação dos movimentos na elaboração das políticas. Floriano rebateu a crítica afirmando que já realizou mais de 300 reuniões com movimentos esse ano.