Mobilização

Movimentos da periferia cobram políticas habitacionais em São Paulo

Sem-teto conseguem audiência na Câmara para garantir conquistas estabelecidas no Plano Diretor. Na prefeitura, pressionam contra especulação imobiliária de terrenos vazios

Marcelo Camargo/ABr

Com cassetetes, policiais e guardas barram entrada de sem-teto na Câmara

São Paulo – Cerca de 300 manifestantes ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) marcharam pelas ruas de São Paulo hoje (15) para pressionar Câmara Municipal e prefeitura por políticas habitacionais que garantam direitos estabelecidos no Plano Diretor e restrinjam especulação imobiliária em terrenos vazios. O protesto começou no início da tarde na Praça da República e passou pelas sedes do Legislativo e do Executivo municipais, no centro da capital.

Na Câmara, os sem-teto pediram que os vereadores mantenham todas as Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) que figuram no projeto apresentado pela prefeitura para substituir o atual Plano Diretor Estratégico da cidade. Os manifestantes querem ainda que os parlamentares ampliem a quantidade de Zeis, incluindo algumas regiões da zona sul na categoria que, por lei, deve ser prioritariamente destinada para construção de habitações de baixa renda. Uma das áreas que o grupo deseja ver classificada como Zeis se encontra atualmente ocupada por 300 famílias no bairro do Campo Limpo.

Representantes dos sem-teto foram recebidos pelo presidente da Câmara, vereador José Américo (PT), após início de tumulto do lado de fora do prédio. De acordo com os manifestantes, homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que faziam a segurança do edifício receberam o grupo com cassetetes. Os integrantes da passeata reagiram e chutaram as portas da Câmara. Vidros acabaram quebrados. Os ânimos se acalmaram quando líderes do protesto subiram para uma reunião com Américo, que durou cerca de 20 minutos.

O parlamentar disse estar de acordo com as exigências do movimento quanto às Zeis, mas afirmou que discorda de outra reivindicação: impedir a concessão de áreas públicas da cidade à iniciativa privada. De acordo com o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, o presidente da Câmara sugeriu ainda que os sem-teto conseguissem mobilizar mais gente em suas passeatas para exercer pressão mais efetiva sobre os demais vereadores.

Ao sair da reunião com Américo, os manifestantes se dirigiram à prefeitura, onde foram recebidos pelo secretário de Governo, Antonio Donato. A pauta de reivindicações para a administração municipal é outra. Eles dizem que a GCM realiza desocupações irregulares, sem ordem judicial, em terrenos na zona sul de São Paulo, notadamente na região do Grajaú. Os sem-teto querem ainda que a prefeitura estabeleça mecanismos para combater a especulação imobiliária em terrenos que não cumprem com a função social da propriedade, estabelecida pela Constituição de 1988.

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