São Paulo

Moradores da favela do Moinho recebem equipamentos para combater incêndios

Comunidade espera que em breve sejam retomados cursos de capacitação de bombeiros civis interrompidos durante as administrações Serra e Kassab. Instalação de hidrantes depende da Sabesp

Subprefeitura da Sé

Líderes comunitários receberam equipamentos do subprefeito interino da Sé, Mauricio Dantas

São Paulo – Os moradores da favela do Moinho, localizada sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel, no centro de São Paulo, receberam hoje (17) capas, botas e capacetes para combate a incêndio, além de oito extintores e 80 máscaras contra fumaça da subprefeitura da Sé. Os equipamentos atendem a parte das reivindicações dos moradores para reinstalação do Programa do Prevenção de Incêndios (Previn) na comunidade, que estavam em pauta desde a manifestação realizada em 5 de julho, em frente à prefeitura.

Segundo o coordenador do projeto Comboio, Caio Castor, o próximo passo é a retomada do trabalho dos três moradores capacitados como bombeiros civis na comunidade. “Até o fim do mês deve ocorrer um curso de capacitação para os moradores, com a participação da Defesa Civil e dos Bombeiros”, afirmou. A entrega dos equipamentos ocorre dois dias após a retomada das reuniões do grupo de trabalho dos moradores com o poder público no municipal, ocorrida na terça-feira (16), na Subprefeitura da Sé.

Se não tivesse demorado três meses para ser atendida, a reivindicação de reativação do Previn poderia ter evitado a destruição causada pelo incêndio ocorrido em 12 de setembro deste ano, quando sete barracos foram queimados por um incêndio iniciado pelo rompimento de um fio elétrico. “Nossas pautas sempre foram no sentido de evitar uma nova tragédia”, destaca Castor.

“Além disso, esperamos que os nossos bombeiros civis sejam reabilitados e recebam salário para atuar no Moinho”, explicou Castor. Além disso, ele espera que sejam tomadas outras atitudes, como a instalação de dois hidrantes e a melhoria da rede elétrica da favela. “Porém, como isso depende da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp), que é estadual, a prefeitura alegou que não pode definir que seja feito”, comentou.

A resposta para esta demanda pode vir sábado (19), quando a comunidade vai realizar uma audiência pública, a partir das 14h, com a presença de representantes da Promotoria de Habitação e Urbanismo do Ministério Público Estadual, dos Núcleos de Direitos Humanos e de Habitação e Urbanismo da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, da Sabesp, da AES Eletropaulo, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), e das Secretarias Municipais da Habitação, das Relações Governamentais e do Desenvolvimento Urbano.

O prefeito Fernando Haddad (PT) foi convidado, mas não deve comparecer pois está em viagem de férias. Também estarão presentes movimentos sociais e entidades que apoiam os moradores da favela do Moinho. “A ideia da audiência é tornar públicos os diálogos e acordos definidos entre a comunidade e o poder público no dia 11 de outubro, de forma que haja mais omissão sobre a realização destas obras”, explica Castor. Segundo ele, no dia 22 haverá uma reunião do grupo de trabalho dos moradores com a Sabesp, a Eletropaulo e a CPTM, para discutir o plano de melhorias da comunidade. Mas já está definido que serão adequadas, “na medida do possível”, as redes de água, luz, esgoto e coleta de lixo.

Após a audiência será realizada a primeira Roda de Samba do Moinho Vivo, com a presença do Cordão da Mentira e da bateria da escola de samba Camisa Verde e Branco, a partir das 16h30.

“Também vamos apresentar o dossiê que montamos com todos os documentos de reuniões e acordos realizados com a gestão Haddad.” A ação complementa a Jornada de Luta por Água, Esgoto, Coleta de Lixo, Energia, Hidrantes e a Permanência da Comunidade do Moinho, iniciada em 4 de outubro, com a realização de diversas atividades culturais e o Sarau Moinho Vivo. O terceiro evento será amanhã (18), às 19h30.

A população do Moinho reivindica as ações estruturais na comunidade desde o dia 5 de julho. Desde então foram muitas idas e vindas, com a definição de acordos com o poder público e vários descumprimentos destes.

Por exemplo, o muro construído pela gestão de Gilberto Kassab (PSD, 2009-2012) após o incêndio de dezembro de 2011, que deixou 600 pessoas desabrigadas, foi derrubado pelos próprios moradores em setembro deste ano, após várias promessas não cumpridas pela prefeitura de abrir uma rota de fuga.

A administração municipal já deixou claro em muitos momentos que a comunidade deve sair daquele local, entre duas linhas de trem da CPTM (7-Rubi e 8-Diamante) e sob um viaduto. Os moradores seriam transferidos para conjuntos habitacionais em construção na ponte dos Remédios, zona oeste da capital, e na rua do Bosque, na região da Barra Funda.

A população exige que Haddad cumpra a promessa feita na campanha eleitoral de 2012, quando disse que a área deveria passar por um processo de regularização fundiária para que as famílias pudessem permanecer no local.

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