Criadora da Daspu

Gabriela Leite e a ‘liberdade de pensar e se comportar diferente’

Defensora da regulamentação dos direitos das prostitutas, ela morreu ontem, aos 62 anos

Ana Ottoni/Folhapress

Gabriela prezava a liberdade: “de pensar diferente, de vestir diferente, de se comportar diferente…”

São Paulo – Ilegal é a exploração, não a prostituição, repetia Gabriela Leite, pioneira no movimento pela regulamentação da profissão de prostituta. Ela morreu ontem (10), aos 62 anos, de câncer, e seu corpo será enterrado amanhã no Cemitério do Catumbi, região central do Rio de Janeiro.

Ex-prostituta, ex-estudante de Sociologia na USP, a paulistana Gabriela adotou o Rio em 1982. Alguns anos depois, criou a organização não-governamental Davida, responsável pelo lançamento, em 2005, da gripe Daspu, que causou polêmica pela referência à loja de elite Daslu. Em 2009, ela contou sua história no livro Filha, Mãe, Avó e Puta.

Chegou a se candidatar a deputada federal pelo PV. “Ela era sincera e sem pretensões de poder. Queria apenas representar as prostitutas e garantir seus direitos. Foi premiada pelo trabalho de prevenção à Aids, ajudou a salvar vidas”, escreveu o jornalista e escritor Fernando Gabeira.

Em 2012, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) apresentou o Projeto de Lei 4.211, que regulamenta as atividades das profissionais do sexo. “Obrigado por ter me/nos ensinado que cada mulher pode ser considerada digna, independentemente de quais sejam suas escolhas”, disse o parlamentar.

Gabriela contou que prezava, acima de tudo, a liberdade. “Liberdade de pensar diferente, de vestir diferente, de se comportar diferente…”

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