Habitação

Prefeitura de SP avalia construção de moradias em terreno ocupado na zona sul

Segundo moradores, secretário-adjunto de Habitação se comprometeu a não permitir que famílias sejam novamente despejadas de área pertencente à prefeitura no Grajaú

Danilo Ramos/RBA

O destino dos terrenos privados da região depende de proposta de compra pela gestão municipal

São Paulo – Representantes de famílias que ocupam um terreno no Itajaí, na região do Grajaú, zona sul de São Paulo, conseguiram hoje (11) da prefeitura uma promessa de analisar a possibilidade de construção de moradias no local. A área pertence à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e abriga cerca de 150 famílias que já foram despejadas cinco vezes do local pela prefeitura.

O secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), Marco Antônio Biasi, garantiu durante a conversa, no centro da capital paulista, que não haverá nova desocupação da área durante esta semana, e que dentro de sete dias os representantes das famílias devem apresentar um projeto para o aproveitamento do espaço.

Representantes das ocupações Jardim da União, Jardim da Luta e Recanto da Vitória, do Grajaú, se reuniram com o Biasi nesta tarde para discutir a questão habitacional.O encontro foi agendado após uma mobilização feita pela manhã em frente ao prédio da Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab). Após encontrarem os portões da entrada fechados, e avisos colados nas paredes de “não haverá expediente hoje”, os manifestantes marcharam pela avenida São João e fecharam o cruzamento com a avenida Ipiranga.

O terreno em que vivem os trabalhadores do Jardim da União pertence à prefeitura e já sofreu quatro desocupações. Um dos projetos da administração Fernando Haddad (PT) é a construção de um parque, mas, segundo os moradores, não há qualquer iniciativa por conta da prefeitura. Já os locais ocupados pelos integrantes do Jardim da Luta e do Recanto da Vitória são áreas privadas, e os moradores vivem sob constante ameaça de despejo. Para isso, Biasi assegurou que irá avaliar a possibilidade de compra das áreas.

A moradora do Recanto da Vitória Liliane Oliveira afirma que os donos já entraram diversas vezes com ações de reintegração de posse. “Nós conseguimos barrá-las até agora”. Liliane mora com três filhos e o marido no local, e não tem outro lugar para o qual possa ir.

“O que nós queremos é que eles nos incluam no projeto que eles têm para construir moradias populares nesse terreno”, argumenta a moradora. Ela conta que há um projeto da prefeitura para a compra do terreno para construção de habitações, mas que os integrantes da ocupação não fazem parte dos planos municipais.

Moinho

Moradores da comunidade do Moinho, no centro da cidade, que tiveram suas casas destruídas nos incêndios ocorridos na região durante os dois últimos anos, também se manifestaram em frente à Cohab. Eles chegaram ao local por volta das 7h de hoje reivindicando pagamento de auxílio-aluguel. O dinheiro, assegurado pela prefeitura, se destina a cobrir as despesas com moradia em outros locais. Alguns moradores não recebem o benefício desde o ano passado.

O secretário se reuniu, por volta das 16h, com dois representantes de cada ocupação do Grajaú e com dois moradores do Moinho. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente divulgará um parecer sobre o uso dos terrenos amanhã, às 14h. Além disso, Biasi se comprometeu a averiguar a situação dos auxílios-aluguel atrasados, e voltará a se reunir com a comunidade do Moinho no dia 19 deste mês.