Contra a remoção

Moradores do Jabaquara pedem transparência na operação urbana Água Espraiada

Representantes de favelas do Complexo da Alba, que reúne 16 comunidades, têm encontro com prefeito Fernando Haddad

São Paulo – Moradores das comunidades Vietnã e Henrique Mindlin, que fazem parte do complexo de favelas da Alba, na região do Jabaquara, vão se reunir no fim da tarde de hoje (25) com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para reivindicar transparência no processo de urbanização do local, que está incluído na Operação Urbana Água Espraiada. As lideranças querem que as famílias removidas sejam realocadas em unidades habitacionais no próprio bairro e recusam o processo tradicional de indenizações.

Segundo o membro do Fórum de Lideranças Habitacional, Social e Coletiva da Operação Urbana Água Espraiada João das Virgens da Silva, morador da comunidade Vietnã, cerca de 9 mil famílias, de 16 comunidades, devem ser afetadas pela operação.

“Nós não vamos aceitar ser mandados para outras regiões da cidade. Queremos que o prefeito apresente um projeto habitacional para a região e que só remova as famílias depois de esclarecer qual será o encaminhamento”, afirmou. De acordo com Silva, mil famílias serão afetadas no Vietnã e 600 na favela Henrique Mindlin.

Outro problema que eles pretendem discutir na reunião é o valor do auxílio aluguel. “Com R$ 300, R$ 400, a gente não consegue encontrar uma casa na região. Aí fica impossível aguardar a construção das moradias”, afirmou. O fórum não tem um valor definido.

Silva explica que o risco de remoção não foi excluído pela suspensão da construção do túnel que ligaria a avenida Jornalista Roberto Marinho à Rodovia dos Imigrantes, definida por Haddad em julho deste ano.

“Ainda tem a proposta de construção do parque linear, que o prefeito vai prosseguir, e as obras da linha 17 – Ouro, do Metrô”, explicou. E mesmo o túnel pode ser retomado, já que a justificativa do prefeito foi de que a administração não tem verba suficiente para tocar todas as obras e iria priorizar as habitações de interesse social e o parque linear.

A proposta de construção do túnel vem desde 2001, na gestão Marta Suplicy (PT), quando a Operação Urbana Água Espraiada foi aprovada. O traçado original previa somente 400 metros, mas em 2007, a gestão Gilberto Kassab (PSD) reformulou a obra e aumentou a extensão para 2.350 metros.

Já a obra do Metrô, que vai ligar o Jabaquara ao Morumbi, passando pelo Aeroporto de Congonhas, foi iniciada em 2012. E já foi responsável pela remoção de 400 famílias das comunidades Buraco Quente e Comando, que ficavam na esquina das avenidas Washington Luís e Jornalista Roberto Marinho, próximo ao aeroporto.

No processo, muitas famílias aceitaram a indenização, cujo valor máximo foi de R$ 119 mil, e foram morar em regiões distantes como o bairro de Vargem Grande, no extremo sul da capital. Outras optaram por um apartamento da Companhia Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) e estão recebendo auxílio aluguel de R$ 400, em média. Ainda não há previsão para entrega dos apartamentos.

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