Comissão da Verdade homenageia Betinho e Lysâneas Maciel

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O sociólogo e ativista Betinho, que teve trabalho lembrado por Comissão da Verdade do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – O sociólogo Herbert de Souza,o Betinho, e o ex-deputado Lysâneas Maciel foram homenageados ontem (18) por suas atuações durante o período da ditadura militar. A homenagem ocorreu durante a audiência das comissões Nacional e Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, no auditório da Caixa de Assistência dos Advogados daquele estado (Caarj), no centro do Rio.

Maria Nakano, que foi casada com Betinho, disse que o trabalho da Comissão da Nacional da Verdade (CNV) é importantíssimo para a história do país. “Não é porque é a nossa história, mas é algo que se tem de contar. A reconstituição é parte disso. É fundamental este trabalho, tudo que for possível a gente fazer e estiver ao nosso alcance”, disse.

Regina Maciel, mulher do ex-deputado, que morreu em dezembro de 1999, falou sobre a vida do marido como parlamentar de oposição – integrou o antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro, que depois se transformou no atual PMDB) –- e como advogado de presos políticos na ditadura.

“Foi motivo para rememorar toda a história que vivemos e a vida de Lysâneas dentro e fora do Parlamento. Depois que ele foi exilado nós moramos na Suíça, ele continuou o trabalho no Conselho Mundial de Igrejas e ali nós continuamos batalhando pelos desaparecidos do Brasil, os torturados e pelas famílias dessas pessoas. Então foi gratificante vir aqui, rememorar e compartilhar com as pessoas o que vivemos”, disse.

Durante o depoimento, Regina contou que o casal passou por momentos difíceis em casa, quando pessoas das famílias de torturados e presos pela repressão iam lá pedir que o deputado ajudasse na busca de desaparecidos ou em casos de tentativa de libertação de presos.

“Algumas pessoas às vezes não entendiam por que Lysâneas era tão agressivo quando subia à tribuna para anunciar essas coisas. Não sabiam que já tinha saído de casa com toda a bagagem de mães, filhos, mulheres, noivos, maridos, desesperados procurando seus entes queridos e pedindo a ele que fizesse alguma coisa”, declarou.

Para o coordenador do grupo de trabalho sobre o papel das igrejas durante a ditadura, Anivaldo Padilha, o importante da homenagem não foi somente celebrar o passado, mas a vida e o que eles representaram. “Foram pessoas que dedicaram suas vidas pela luta pela liberdade, contra a ditadura pela justiça e pela paz. São pessoas que servem de referências para as novas gerações. Eles foram referências para suas gerações na época e continuam a ser para as gerações atuais”, declarou.

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