No Morumbi

Após protestos, sem-teto conseguem destinação social para ocupação ‘Faixa de Gaza’

Área será declarada como Zona Especial de Interesse Social (Zeis) no projeto de alteração do Plano Diretor da cidade de São Paulo

CC/MTST

O projeto de alteração do Plano Diretor deve ser enviado ainda nesta semana para a Câmara Municipal

São Paulo – Cerca de 400 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) protestaram hoje (14) em frente à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo, no centro da cidade, para pedir a transformação de uma área ocupada na zona sul da capital em Zona Especial de Interesse Social (Zeis). A área, no bairro do Morumbi, foi batizada pelo ocupantes de “Faixa de Gaza”.

Um grupo se reuniu com o secretário Fernando de Mello Franco e com o secretário de Habitação, José Floriano de Azevedo Marque Neto, que se comprometeram a atender ao pedido e a incorporar a transformação ao Plano Diretor do Município de São Paulo – o que garante que sejam realizadas políticas de moradia popular no terreno.

O projeto de alteração do Plano Diretor deve ser enviado ainda nesta semana para a Câmara Municipal de São Paulo.

A “Faixa de Gaza” do Morumbi existe desde o final de agosto, quando cerca de 1.200 famílias ocuparam o terreno, que pertence à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública do governo federal. De acordo com o MTST, a área estava abandonada há mais de 15 anos e vinha sendo alvo da especulação imobiliária e tentativa de grilagem pelos grandes proprietários da região.

“Nós chamamos a ocupação de Faixa de Gaza justamente porque sofremos a briga pela terra de baixo, a terra dos pobres, como na Palestina”, afirma Joel Gomes, um dos líderes da ocupação. A área separa a comunidade Paraisópolis da região mais rica do distrito, o Morumbi.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano, por nota, informou que a área “pleiteada já estava parcialmente contemplada, fruto do processo participativo regular, com parte ainda em estudo”.

No início da manifestação de hoje houve princípio de tumulto, por volta das 10h30, enquanto as lideranças se reuniam com representantes da prefeitura. A Guarda Civil Municipal chegou a usar spray de pimenta. Os manifestantes seguiram depois para o Vale do Anhangabaú, em passeata pacífica.

Segundo um dos coordenadores do MTST, Jaime Belo de Lima, a conquista é fruto da grande mobilização dos ocupantes. Ele afirmou que outros pontos também foram abordados na reunião com o secretário, e que a Ocupação Instituto Anchieta, no Grajaú, zona sul paulistana, não sofrerá reintegração nas próximas semanas, até que um canal de diálogo seja estabelecido com a prefeitura.

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