Resposta

Gestão Haddad diz que ‘ocupações prejudicam política habitacional’

Conforme orientação do prefeito, famílias que ocupam terrenos públicos não terão prioridade em fila de atendimento. Comunidade da zona sul de São Paulo foi surpreendida com ação da Tropa de Choque

CC/Rede Extremo Sul

Esta é a quinta vez, em menos de dois meses, que as cerca de 200 famílias sofrem despejo da área

São Paulo – Questionada sobre a operação de reintegração de posse da Ocupação Jardim da União, no bairro de Itajaí, Grajaú, na zona sul de São Paulo, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou, em nota, que “as ocupações prejudicam a política habitacional em curso, cuja meta é a entrega de 55 mil (moradias) nos próximos quatro anos para enfrentar um déficit de 230 mil domicílios.”

A comunidade do Itajaí foi surpreendida hoje (14) com a ação da Tropa de Choque da Polícia Militar, subordinada ao governo estadual, numa reintegração de posse do terreno ocupado por cerca de 200 famílias. Segundo militantes da Rede Extremo Sul, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo foram usadas sem parcimônia. Segundo a integrante da Rede Extremo Sul Carolina Catini, os barracos das famílias foram praticamente destruídos e, os moradores, incluindo crianças, aguardam em área próxima ao terreno sem destino certo.

A secretaria confirma que houve uma reunião no último dia 12 e informa que as famílias da ocupação serão cadastradas nos programas habitacionais. “No entanto, não terão prioridade no atendimento, a demanda cadastrada anteriormente será respeitada”, completa a nota, seguindo orientação do próprio prefeito, Fernando Haddad (PT), que afirmou na última semana que entraria com pedido de reintegração de posse sempre que houvesse ocupação de terrenos públicos.

No início da administração, o petista chegou a interceder junto ao governo estadual para evitar o cumprimento de mandado judicial contra uma comunidade na zona leste da capital, mas, agora, parece ter mudado de ideia. “Tem a lei para ser cumprida, não é essa a maneira de resolver”, disse o prefeito na última terça-feira. “Não vamos garantir lugar na fila para quem ocupa as áreas públicas. O lugar é decidido com o movimento organizado, com a população que já está no cadastro do programa Bolsa-aluguel, que foi removida de área de risco.”

Na última quarta-feira (11), os moradores haviam conseguido com o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), Marco Antônio Biasi, a garantia de que não haveria nova desocupação da área, e que dentro de sete dias os representantes das famílias deveriam apresentar um projeto para o aproveitamento do espaço.

Esta é a quinta vez, em menos de dois meses, que as cerca de 200 famílias sofrem despejo da área. A comunidade do Itajaí foi despejada do terreno pela última vez na segunda-feira passada (11). A área é pública e está destinada para a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, que prevê a instalação do Parque Ribeirão dos Cocaias no espaço. No entanto, de acordo com os moradores, não há qualquer iniciativa neste sentido por parte da prefeitura. Os moradores ainda afirmam que o local acumula entulho e acreditam que isso foi um dos fatores responsáveis por um surto de dengue na região.

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