mulheres no campo

Governo compra unidades móveis para combater violência contra mulheres no campo

Durante reunião por conta da Jornada das Margaridas, em Brasília, trabalhadoras rurais celebram entrega de equipamentos que vão atuar na prevenção a ocorrências

César Ramos / Contag

Políticas diferenciadas para a agricultura familiar e autonomia econômica também estão na pauta

São Paulo – O avanço no combate à violência contra a mulher do campo é visto como a principal conquista da Jornada das Margaridas 2013, que reúne de sábado (17) até quarta-feira (17) trabalhadoras rurais em Brasília. A implementação de 54 unidades móveis para atendimento a mulheres em situação de violência foi fechada hoje (19) durante reunião entre representantes da Comissão Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais (CNMTR) e a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

A primeira unidade móvel foi entregue no último dia 8, no município de Alagoa Grande, na Paraíba, onde vivia a ativista Margarida Maria Alves. Na quarta (21) outras quatro Unidades Móveis para Mulheres em Situação de Violência serão entregues – duas para o Distrito Federal e duas para Goiás.“Este é um instrumento fundamental no avanço de combate à violência contra as mulheres”, disse a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alessandra Lunas. “A Jornada das Margaridas é um momento importantíssimo de balanço e de incidência para dar continuidade à luta e conquistas das mulheres trabalhadoras rurais de todo o país.”

A entrega das unidades móveis foi uma promessa da presidenta Dilma Rousseff em 2011, durante a 4ª Marcha das Margaridas. “Nunca tenham dúvida do compromisso que a presidenta tem com as mulheres do campo e da floresta, com as trabalhadoras rurais”, afirmou a ministra, segundo nota divulgada no site da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Segundo informações do site da Secretaria de Politicas para Mulheres as unidades móveis custaram R$ 30 milhões e foram adquiridas pela SPM por meio de licitação. Circularão nas áreas rurais para apoiar a prestação de serviços de atendimento, acolhimento e orientação às mulheres em situação de violência, a fim de mais mulheres terem acesso e proteção da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).

A Jornada das Margaridas é realizada todo ano, entre cada edição da Marcha das Margaridas. As reivindicações incluem também a necessidade de políticas diferenciadas para a agricultura familiar e garantia política e econômica para as trabalhadoras.

Neste ano, o foco da Jornada das Margaridas também é o combate à impunidade, em memória ao assassinato, há 30 anos, de Margarida Alves, ainda sem punição para os envolvidos no crime. Margarida, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, morreu aos 50 anos, em frente à sua casa, no final da tarde de 12 de agosto de 1983, quando um pistoleiro em um Opala vermelho disparou um tiro de escopeta que atingiu seu rosto. Na noite de hoje, as manifestantes fazem um ato para cobrar agilidade da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça quanto ao julgamento do processo de assassinato.

“Em conjunto com a Comissão Camponesa da Verdade, queremos lembrar o legado e a luta de Margarida, mostrar a sua força. Estamos sem Margarida, mas muitas outras nasceram após isso”, disse Alessandra.

As trabalhadoras rurais também estiveram hoje em audiências no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Na terça (20) elas participam  de audiência no ministério do Desenvolvimento Agrário e quarta (21) cerca de 400 mulheres organizam um ato nacional às 10h, no Lakeside Hotel, em Brasília.

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