Guerra Fria

CIA espiona Igreja Católica e movimentos sociais no Brasil até hoje

Dermi Azevedo, autor de 'Travessias Torturadas: Direitos Humanos e Ditadura no Brasil', afirma que norte-americanos tinha infiltrados nas organizações que atuavam com o sindicatos rurais

São Paulo – A CIA investiga atividades do catolicismo e de movimentos sociais no Brasil desde 1960. O jornalista Dermi Azevedo afirma, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que a agência de espionagem norte-americana agia fortemente no período em que as Ligas Camponesas – principal organização de trabalhadores do campo até o golpe de 1964 – atuavam. “A CIA fornecia recursos e apoio logístico, para se contrapor às ligas e para obter informações sobre o catolicismo no Nordeste e no país”, conta.

Segundo Azevedo, a agência cooptou fontes do arcebispo dom Eugênio Sales, então administrador apostólico da arquidiocese de Natal. “Não dá para afirmar que dom Eugênio tenha sido um instrumento consciente, mas havia assessores dele na cúria de Natal que eram agentes da organização, brasileiros e norte-americanos”, relata, lembrando que eram monitoradas as atividades de dioceses em vários estados.

Apesar de o auge da colaboração da CIA com a Igreja Católica no Brasil ter se dado entre 1960 e 1985, para o jornalista, as atividades da organização no país duram até os dias de hoje. Ele também atribui à agência o fortalecimento de igrejas Neopentecostais.

Cientista político, especialista em relações internacionais e ex-preso político, Dermi Azevedo é autor do livro Travessias Torturadas: Direitos Humanos e Ditadura no Brasil.

Ouça aqui a reportagem de Marilu Cabañas.

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