Mobilizações

Grupos de esquerda de um lado, e médicos, de outro, dividem atos na Paulista

Saúde estava no discurso dos dois protestos, mas manifestações não se misturaram. Enquanto os movimentos caminhavam em direção à rua da Consolação, os médicos seguiram no sentido Paraíso

Anderson Barbosa/Foto Arena/Folhapress

Ato público na avenida Paulista reuniu integrantes de movimentos sociais participam por políticas públicas

São Paulo – Cerca de mil pessoas ligadas a sindicatos, partidos de esquerda e movimentos de moradia da periferia realizaram uma passeata na noite de ontem (3) e ocuparam três faixas da avenida Paulista no sentido Consolação, no centro de São Paulo. Para os manifestantes, os pactos apresentados pela presidenta Dilma Rousseff por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação não atendem suas demandas.

“É um ato para se opor ao que foi apresentado. Porque aqueles pactos não são para os trabalhadores”, afirma o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

MTST, Resistência Urbana, CSP-Conlutas, Intersindical, Unidos Pra Lutar, Terra Livre, FOS, Fórum Popular de Saúde, Movimento Palestina Para [email protected], Psol, PSTU, PCB, Espaço Socialista, Movimento Passe Livre, ANEL, Tribunal Popular, Rompendo Amarras, Domínio Público, Coletivo Levante, Juntos e Rede Emancipa assinaram um manifesto intitulado “Da copa eu abro mão! Quero dinheiro para moradia, saúde, educação e transporte de qualidade!”, que pede pactos em torno da estatização do transporte público e implantação da tarifa zero, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, controle estatal dos preços dos aluguéis, fim dos despejos e remoções, 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para educação e a desmilitarização das polícias.

“A redução da jornada de trabalho, por exemplo, precisa apenas da decisão política de se aprovar um projeto de lei”, acredita Boulos.

A marcha começou na Praça Oswaldo Cruz e fez três paradas na avenida Paulista. A primeira, diante do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para explicitar a oposição à política federal de desoneração de impostos ao setor empresarial; a segunda, diante da sede do Banco Central, para marcar posição contrária aos juros cobrados pelos bancos e ao pagamento da dívida externa; e a terceira, diante do escritório da Presidência da República, onde foi protocolado um documento com a pauta unificada das entidades.

Outras manifestações

Marlene Bergamo/Folhapressmedicospaulista.jpg
Médicos protestam na Paulista por melhoras nos serviços públicos de saúde e contra a contratação de estrangeiros

No mesmo horário, outra passeata era realizada na Paulista. Cerca de 5 mil médicos e estudantes de medicina vestindo jalecos e alguns com os rostos pintados de verde e amarelo protestavam contra a vinda de médicos estrangeiros para atuar no Brasil. O governo federal afirma que a medida é necessária em função da falta de médicos no interior do país, mesmo quando salários altos são oferecidos.

“Acho que a presença de todas essas pessoas aqui demonstra a insatisfação de vários setores. É contra um Estado caro e ineficiente”, afirmou o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, envolto em uma bandeira nacional.

Apesar de as críticas à presidenta Dilma e à saúde estarem presentes no discurso dos dois grupos que protestavam na avenida, as manifestações não se misturaram. Enquanto os movimentos sociais caminhavam com bandeiras em direção à rua da Consolação, os médicos gritavam “sem partido” no sentido Paraíso.

Outros profissionais de saúde, no entanto, que faziam um ato no vão livre do Masp, se uniram aos movimentos sociais para pedir o veto da presidenta Dilma ao artigo 4 da Lei do Ato Médico. Para enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, entre outros, o artigo pode impedir que profissionais como eles façam diagnósticos e prescrição de terapias, o que ficaria restrito a formados em medicina. Os médicos são a favor da exclusividade.

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