Mobilização

Passe Livre se une a movimentos por pactos em favor da ‘maioria do povo brasileiro’

Entidades que conduziram luta pela redução da tarifa do transporte público pedem pacto por educação, saúde, transporte, moradia e trabalho, além do fim da violência policial

Mídia Ninja

PM detém passagem de manifestantes no Rio; movimentos pedem fim da violência policial

São Paulo – O Movimento Passe Livre (MPL) se juntará a centrais sindicais e movimentos sociais de esquerda amanhã (3) para realizar uma marcha em São Paulo em defesa dos direitos constitucionais e dos serviços públicos de qualidade, e contra as violações cometidas por governos e pela polícia nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. Com o tema “Da Copa eu abro mão: Quero dinheiro para Moradia, Saúde, Educação e Transporte de Qualidade!”, o protesto está marcado para as 17h na Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, região da Avenida Paulista.

“Essas bandeiras, que fazem parte das lutas dos movimentos sociais no Brasil há muitos anos, nesse momento ganham adesão de milhões de brasileiros, em especial da juventude”, diz a convocatória da manifestação, que está sendo difundida pela página do MPL e pelas redes sociais. “A juventude e os trabalhadores que estão nas ruas tiveram e ainda têm que enfrentar um forte aparato de repressão policial. Com a desculpa de atacar os vândalos, os manifestantes são vítimas de muita violência da PM. Nesse sentido, a luta pela desmilitarização das polícias também está na ordem do dia.”

“Somos um movimento de esquerda anticapitalista e, dentro dessa compreensão política, apoiamos todas as lutas populares do país”, esclarece a estudante Mayara Vivian, 23 anos, militante do MPL. “Nossa pauta prioritária é a tarifa zero e o transporte público de qualidade, e entendemos que as demandas pelo direito à cidade expressas por estas entidades fazem parte da luta. Além disso, os movimentos sociais estão abraçando o passe livre como suas próprias exigências ao poder público.”

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Os movimentos sociais que organizam a marcha defendem a “ampliação das mobilizações” para exigir que os governos federal, estaduais e municipais atendam às reivindicações dos trabalhadores e da juventude. “Também defendemos a total liberdade de expressão nestes atos e a participação de todos os movimentos sociais, com suas bandeiras”, esclarecem, na tentativa de evitar que que membros de partidos políticos sejam novamente agredidos por pessoas contrárias à presença de suas bandeiras na marcha, como ocorreu no último 20 de junho, em São Paulo.

Pactos populares

“Dilma apresentou a proposta de cinco pactos para o Brasil. Entendemos que estes pactos não são para os trabalhadores. Por isso, as organizações dos trabalhadores desafiam a presidenta a assumir 5 pactos que realmente interessam à maioria do povo brasileiro”, propõem as entidades, na tentativa de restabelecer a pauta inicial do movimento pela redução da tarifa do transporte público iniciado na capital em 6 de junho, que se diluiu em múltiplas reivindicações após ter se ampliado.

“Os 5 pactos elaborados pela presidenta Dilma Rousseff são mais conciliatórios do que qualquer outra coisa. Os movimentos elaboraram seus próprios pactos para mostrar que o povo não quer os pactos dela, mas esses aqui”, avalia Mayara, do MPL. “As demandas da Fifa e do capital têm sido atendidas pelo governo, mas as do povo, não. As reuniões com a presidenta, na semana passada, foram uma grande sabonetada. Não vimos nenhuma medida concreta. Nenhuma esfera de poder mencionou, por exemplo, podar lucro dos empresários de transporte neste país. Só falaram em desonerações.”

Como não poderia ser diferente, o primeiro pacto proposto pelas organizações populares diz respeito ao transporte: tarifa zero para o transporte público e estatização do sistema, que hoje em dia é operado por meio de concessões a empresas privadas na maioria das cidades brasileiras, como São Paulo. Em segundo lugar, aparece um pacto pelo trabalho, em que as organizações populares pedem redução da jornada de 44 horas para 40 horas semanais, bandeira histórica e unitária do movimento sindical.

A lista continua com um pacto pela moradia, com controle estatal sobre o valor dos aluguéis, uma das principais razões da existência de famílias sem-teto nas capitais do país; e fim das remoções forçadas, que se intensificaram em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro devido às obras de preparação para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. De acordo com a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), há mais de 250 mil pessoas ameaçadas de despejo devido ao megaevento.

Os cinco pactos dos movimentos concluem com um duplo compromisso pela saúde e educação, que se cumpriria com a destinação de 10% do PIB para a educação e o fim da privatização do sistema de saúde, que, acreditam as entidades, hoje em dia se dá pela ação das organizações sociais (OSs). As reivindicações refletem a atuação política dos movimentos que convocam a marcha: MTST, Resistência Urbana, CSP-Conlutas, Intersindical, Unidos Pra Lutar, Terra Livre, FOS, Fórum Popular de Saúde, Mopat, Psol, PSTU, PCB, Espaço Socialista, MPL, ANEL, Tribunal Popular, Rompendo Amarras, Domínio Público, Coletivo Levante, Juntos e Rede Emancipa.