Famílias da favela do Moinho cobram de Haddad cumprimento de promessas
Moradores pretendem projetar filme de campanha do petista, feito na comunidade, no prédio da prefeitura durante manifestação nesta sexta-feira
Publicado 04/07/2013 - 18h23
Comunidade do Moinho está localizada sob viaduto e ao lado de linha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
São Paulo – Os moradores da favela do Moinho vão realizar uma manifestação amanhã (5), a partir das 15h, para cobrar do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a regulação fundiária e a urbanização da comunidade. As famílias temem ser removidas e querem o cumprimento da promessa de Haddad, feita em visita durante a campanha eleitoral do ano passado, logo após o segundo incêndio que atingiu a favela, de que ninguém seria removido da região central da cidade.
Segundo o coordenador do projeto Comboio, Caio Castor, que realiza projetos de arquitetura e urbanismo e mantém parceria com a associação de moradores da comunidade, a ideia é ir até a sede da administração municipal e convidar o prefeito para reunião com a população na favela. “Ele esteve lá durante a campanha, agora precisa ir como prefeito. Queremos que ele diga para a população o que será feito na comunidade”, afirmou. Haddad chegou a gravar na comunidade um vídeo, que utilizou em sua campanha, no qual falava sobre os incêndios que vinham ocorrendo na capital.
“Nós vamos ter que trabalhar muito para regularizar a situação deste terreno, dar a vocês a propriedade que é de direito de vocês. Por que com a propriedade do terreno toda a sua vida vai melhorar”, diz Haddad em um trecho do filme.
O temor da remoção se acentuou após a publicação de uma reportagem da Agência Pública que abordava a intenção da gestão Haddad de remover os moradores para conjuntos habitacionais que ainda seriam construídos. A favela fica sob o viaduto Orlando Murgel, na região de Campos Elíseos, centro da capital.
As famílias querem que o processo de urbanização seja feito de forma participativa, em parceria com a associação de moradores, e por sistema de mutirão com autogestão. Além disso, reivindicam a imediata derrubada do muro que foi construído pela gestão de Gilberto Kassab (PSD), logo após o primeiro grande incêndio, em dezembro de 2011, para evitar a reocupação de uma parte do terreno. Eles querem ainda que sejam implementados serviços de água, luz, esgoto e coleta de lixo e instalados equipamentos de combate a incêndio.
Os moradores também cobram a retomada das investigações sobre as causas dos dois últimos incêndios e a construção de um espaço de lazer na área atingida pelo segundo incêndio, que fica embaixo do viaduto. O fogo destruiu 480 moradias. A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal em 2011 para investigar as cerca de 800 ocorrências que atingiram favelas em São Paulo entre 2005 e 2012 encerrou os trabalhos sem chegar a nenhuma conclusão.
A Secretaria Municipal da Habitação não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a existência de projetos de moradia para a favela do Moinho e sobre uma possível remoção dos moradores.
Confira a seguir o vídeo de campanha de Haddad: