Moinho Vive

Famílias da favela do Moinho cobram de Haddad cumprimento de promessas

Moradores pretendem projetar filme de campanha do petista, feito na comunidade, no prédio da prefeitura durante manifestação nesta sexta-feira

Danilo Ramo/RBA

Comunidade do Moinho está localizada sob viaduto e ao lado de linha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

São Paulo – Os moradores da favela do Moinho vão realizar uma manifestação amanhã (5), a partir das 15h, para cobrar do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), a regulação fundiária e a urbanização da comunidade. As famílias temem ser removidas e querem o cumprimento da promessa de Haddad, feita em visita durante a campanha eleitoral do ano passado, logo após o segundo incêndio que atingiu a favela, de que ninguém seria removido da região central da cidade.

Segundo o coordenador do projeto Comboio, Caio Castor, que realiza projetos de arquitetura e urbanismo e mantém parceria com a associação de moradores da comunidade, a ideia é ir até a sede da administração municipal e convidar o prefeito para reunião com a população na favela. “Ele esteve lá durante a campanha, agora precisa ir como prefeito. Queremos que ele diga para a população o que será feito na comunidade”, afirmou. Haddad chegou a gravar na comunidade um vídeo, que utilizou em sua campanha, no qual falava sobre os incêndios que vinham ocorrendo na capital.

“Nós vamos ter que trabalhar muito para regularizar a situação deste terreno, dar a vocês a propriedade que é de direito de vocês. Por que com a propriedade do terreno toda a sua vida vai melhorar”, diz Haddad em um trecho do filme.

O temor da remoção se acentuou após a publicação de uma reportagem da Agência Pública que abordava a intenção da gestão Haddad de remover os moradores para conjuntos habitacionais que ainda seriam construídos. A favela fica sob o viaduto Orlando Murgel, na região de Campos Elíseos, centro da capital.

As famílias querem que o processo de urbanização seja feito de forma participativa, em parceria com a associação de moradores, e por sistema de mutirão com autogestão. Além disso, reivindicam a imediata derrubada do muro que foi construído pela gestão de Gilberto Kassab (PSD), logo após o primeiro grande incêndio, em dezembro de 2011, para evitar a reocupação de uma parte do terreno. Eles querem ainda que sejam implementados serviços de água, luz, esgoto e coleta de lixo e instalados equipamentos de combate a incêndio.

Os moradores também cobram a retomada das investigações sobre as causas dos dois últimos incêndios e a construção de um espaço de lazer na área atingida pelo segundo incêndio, que fica embaixo do viaduto. O fogo destruiu 480 moradias. A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal em 2011 para investigar as cerca de 800 ocorrências que atingiram favelas em São Paulo entre 2005 e 2012 encerrou os trabalhos sem chegar a nenhuma conclusão.

A Secretaria Municipal da Habitação não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a existência de projetos de moradia para a favela do Moinho e sobre uma possível remoção dos moradores.

Confira a seguir o vídeo de campanha de Haddad: