Rio Grande do Sul

Manifestantes mantêm ocupação da Câmara de Porto Alegre por transparência no transporte

Grupo se dividiu em dois para participar do Dia Nacional de Lutas e pedir que pauta de manifestações tenha transporte público como um dos pontos centrais

Mídia Ninja.CC

Sindicatos parabenizaram a decisão de ocupar a Câmara e se ofereceram para ajudar

Porto Alegre – Esta quinta-feira (11), segundo dia de ocupação da Câmara Municipal de Porto Alegre, começou com uma assembleia do Bloco de Luta pelo Transporte Público. O grupo, que ocupa o plenário desde o final da tarde desta quarta-feira (10), organizou as ações do próximos dias, já que pretende permanecer no local por tempo indeterminado. Uma comissão foi constituída para representar o bloco nas marchas programadas para a greve geral desta quinta na  capital. Os demais receberam mais alimentos e seguirão acampados na casa legislativa.

Dentro e fora da Câmara, os jovens insistirão reivindicando as pautas que consideram prioritárias para a cidade, dentre elas, a abertura imediata das contas do transporte público em Porto Alegre. A assembleia começou a partir das 9h30min e encerrou-se próxima das 11 horas. Alguns veículos de comunicação que quiseram acompanhar a reunião foram impedidos de entrar. Mesmo se tratando de mídias públicas, como foi o caso da TVE e da TV Câmara, o grupo priorizou elaborar seu próprio vídeo e uma nota oficial para evitar que o discurso sobre a intenção da ocupação não saísse distorcido.

Em meio à reunião, os jovens foram saudados por sindicalistas que deixaram as assembleias da greve geral para prestar apoio ao ato deflagrado pelo bloco nesta quarta-feira. “Foi lindo o que vocês fizeram. É uma atitude de coragem, que eu, agora já aposentada, invejei no bom sentido da palavra. Por isto vim aqui prestar minha solidariedade”, disse uma representante da Associação dos Servidores da Ufrgs.

A Associação dos Servidores Públicos do Tribunal de Contas do RS também se colocou à disposição para somar na ocupação e revezar os turnos com os jovens durante a greve geral. Os manifestantes que deixarão a Câmara Municipal para participar da agenda de paralisações desta quinta devem deixar o local a partir das 13 horas rumo ao Lago Zumbi dos Palmares.

A intenção do Bloco de Luta pelo Transporte Público é cobrar das centrais sindicais uma reflexão sobre o impacto das paralisações sobre os pleitos da categoria ao final da greve geral. Eles querem tentar mobilizar uma agenda em comum para pressionar os governos estaduais e federal.

Nesta quinta-feira, alguns vereadores ligaram para os manifestantes para saber se eles pretendiam deixar o local e se estavam  abertos a negociar com o parlamento. Os coletivos analisam a ideia de construir um projeto de lei de iniciativa popular para dar transparência aos cálculos da tarifa em Porto Alegre e no Conselho Municipal de Transporte Urbano (COMTU).

Nos primeiros minutos de hoje, a Câmara de Vereadores de Porto de Alegre ainda mantinha traços de como era antes da ocupação – mas a cada instante seu aspecto se modifica mais. O tempo dos discursos segue correndo em um dos painéis, mas não há mais sessão formal ocorrendo ali – a partir do final da tarde quarta-feira (10), manifestantes ocupam as bancadas e galerias da Câmara. Desde o final da tarde de ontem, cartazes tomaram o fundo azul do plenário e diversas comissões passaram a organizar a rotina da ocupação do local.

Outras comissões já foram organizadas após a primeira assembleia da ocupação, que ocorreu por volta das 21h desta quarta-feira. A de limpeza busca manter o local nas mesmas condições que registrava no início da movimentação, enquanto a de segurança busca controlar a entrada e a saída dos manifestantes, além de manter certo diálogo com os guardas da casa. Nas paredes, nenhuma pichação foi registrada, e são muitos os cartazes que apontam para as reivindicações do processo: “transporte público 100% público”, “abertura das contas das empresas” e “passe livre para o povo”.

Acima da mesa diretora da Câmara, o crucifixo não aparece mais em solidão. Dois cartazes – “Jesus é gay” e “Estado laico?” – passaram a acompanhar a estatueta de Cristo. Na madrugada, alguns manifestantes buscaram espaço debaixo das bancadas.