São Paulo – O comentarista e assessor dos movimentos sociais Frei Betto afirmou hoje (29) que o papa Francisco, em visita ao Rio de Janeiro na semana passada (22) para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), incentiva a solidariedade como eixo central para as ações da igreja católica, e ele inaugura uma nova fase para a instituição, que se pretende mais engajada socialmente.

“Ele quer uma igreja pra fora, ‘desenclausurada’, missionária, engajada na periferia, servidora dos pobres, advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas no mundo.” Segundo Frei Betto, o papa também incentivou os brasileiros a combater a “cultura do descartável”. “Ele nos incentivou a combater essa cultura neoliberal capitalista que ignora o valor das pessoas, que estimula o consumismo e o hedonismo”, disse à Rádio Brasil Atual.

Em entrevista veiculada ontem pelo programa Fantástico, da Rede Globo, o papa Francisco disse que, atualmente, quando as pessoas escutam que o índice de fome no mundo e de mortalidade infantil subiu, não há comoção ou mobilização suficiente, mas quando se ouve que o índice da bolsa de valores caiu alguns pontos, o mundo entra em pânico. “Entramos naquilo que Francisco chamou de idolatria do dinheiro”, afirma Frei Betto.

“O papa disse que hoje em dia a solidariedade é quase um palavrão. E disse que esse deve ser o eixo de toda a nossa atividade na igreja. Que devemos ser solidários com todos aqueles que sofrem e são marginalizados.”

Em nota divulgada hoje pelo Planalto, o papa Francisco agradeceu a presidenta Dilma Rousseff pelo “acolhimento generoso” e pela “solicitude” do governo em assegurar uma tranquila realização da sua primeira visita ao Brasil. O papa também disse esperar que a Jornada Mundial da Juventude possa “reavivar os valores cristãos nos corações dos jovens, contribuindo para a construção de uma nação mais justa e fraterna e invocando a materna proteção de Nossa Senhora Aparecida”.

Ouça aqui o comentário de Frei Betto na Rádio Brasil Atual.