Sem alternativa

População da zona sul de São Paulo perderá área de lazer para estacionamento do metrô

Quadras poliesportivas e pista de skate que funcionam dentro do Piscinão do Jabaquara serão desativadas para obras da linha 17-Ouro

Prefeitura exigiu que Metrô realoque a área de lazer; companhia não se posicionou <span>((Danilo Ramos/ RBA))</span>No piscinão estão instaladas quatro quadras e uma pista de skate <span></span>Área de lazer inunda com as enchentes; 'depois que a água baixa fica lama e ratos mortos', diz usuário <span></span>A área é utilizada principalmente por crianças e jovens das favelas Alba e do Piolho <span></span>Projeto da prefeitura, que oferece atividades de esporte para 500 crianças, será desativado no próximo dia 30   <span></span>O skatista Carlos Tuparelli conta que a população do bairro reformou a pista, que era desatualizada e insegura <span></span>Sem a pista, o local mais próximo para a pratica do esporte será no Parque do Ibirapuera, há 1h de ônibus do piscinão <span></span>Obras do pátio de manobras dos trens da linha 17-Ouro já começaram <span></span>Para Consórcio Monotrilho, responsável pela linha 17 do metrô, 'benefício' da obras será 'permanente' <span></span>Mesmo com obras do metrô, jovens da região frequentam diariamente a área de lazer <span></span>

São Paulo – Os moradores das favelas Alba e do Piolho, na zona sul de São Paulo, perderão o único espaço de lazer próximo de suas casas, na área do Piscinão do Jabaquara.

Apesar de inundar com as chuvas fortes do verão, o terreno conta com um centro comunitário, quatro quadras poliesportivas e uma pista de skate, que darão espaço para o pátio de manutenção dos trens da linha 17-Ouro do Metrô.

Ainda não há data para que os espaços de lazer sejam interditados, mas as obras já começaram. O prefeito Fernando Haddad (PT) publicou um decreto no último dia 8 autorizando o Metrô a utilizar a área, que pertence ao município, para construção da pátio de manobras e estacionamento.

Para a sessão, a prefeitura exigiu que o Metrô realoque a área de lazer do piscinão, inaugurada em 2000, em um local próximo ao atual.  O Centro Comunitário Água Espraiada, que oferece, em especial, atividades de recreação para idosos, será reconstruído mais à frente, no próprio piscinão, segundo a Secretaria de Subprefeituras. O Metrô não se pronunciou para onde serão transferidas as quadras e a pista de skate.

A maioria dos usuários já havia sido alertada que o espaço de lazer deixará de existir, mas ainda não sabe para onde será transferido.

“É o único lugar da região para praticar esportes”, diz o vendedor Rafael de Oliveira, de 23, que joga futebol nas quadras. “Nos feriados, fins de semana e dias de domingo isso lota. Vem gente até do Capão Redondo, para andar de bicicleta, correr, jogar bola”, diz o estudante Wesley Costa, que também joga futebol no piscinão.

Um projeto da prefeitura que oferece aulas de esporte para crianças e adolescentes, chamado Virando o Jogo Sampa, deixará de funcionar no local. Cerca de 500 crianças são atendidas, com aulas de basquete, skate e patins, segundo os monitores do projeto. Ele não será transferido para outra região e as atividades serão finalizadas no próximo dia 30.

Segundo Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da prefeitura, o projeto está sendo remodelado para que o atendimento seja ampliado em áreas de vulnerabilidade social, em parceira com outras secretarias do governo municipal. Enquanto as licitações dos novos convênios  não são concluídas, a secretaria solicita que o público utilize os equipamentos (bolas, skates, patins e equipamentos de segurança) do Clube Escola Jalisco, próximo do local.

O skatista Carlos Tuparelli, que usa a pista todos os dias com a namorada, conta que não há outra área para a prática na região. “Quando essa pista foi entregue ela tinha uma planta antiga, ultrapassada e insegura. Foram os skatistas daqui que reformaram e construíram novos obstáculos. É uma pena ela ser desativada.”

Localizadas dentro do piscinão – que tem capacidade para armazenar o equivalente a 365 mil caixas d’água de mil litros – as quadras e a pista de skate ficam completamente submersas quando chove e acontece inundações. “Depois que a água baixa fica lama e vários ratos mortos. Aí a prefeitura vem lavar”, conta Tuparelli.

As frequentes inundações e o cheiro desagradável do local, por conta da proximidade com córregos poluídos, não intimidam os moradores da região, que usam o local para passear com cachorros, praticar esportes e caminhar.

Dividida em três trechos, a obra da Linha 17-Ouro começou no ano passado pela porção central, de 7,7 km, que envolve oito estações (Morumbi, Chucri Zaidan, Vila Cordeiro, Campo Belo, Vereador José Diniz, Brooklin-Paulista, Congonhas e Jardim Aeroporto).

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