Contra tarifas

PM e Passe Livre terão negociação permanente durante o ato de hoje

Polícia Militar se compromete a não utilizar balas de borracha durante manifestação na zona oeste da capital paulista, mas não abre mão de spray de pimenta e bombas de gás

Guilherme Lara Campos. Governo SP

“Quinta houve problemas e os casos estão sendo investigados”, limitou-se a dizer Grella (d) sobre a repressão

São Paulo – Uma comissão formada por líderes do Movimento Passe Livre (MPL) estará em contato permanente com o comandante-geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, para negociar o trajeto a ser seguido pela passeata de hoje (17), com concentração prevista para as 17h, no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo. Representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública acompanharão as negociações como observadores.

O formato, que visa a minimizar as possibilidades de confronto entre polícia e manifestantes, foi definido em reunião na manhã de hoje na Secretaria de Segurança Pública. “O trajeto é algo decidido na hora, há muitas questões conjunturais do momento que têm de ser levadas em conta, até porque a manifestação não é nossa, o Movimento Passe Livre não é dono das manifestações”, afirmou Erica de Oliveira, integrante do MPL. A página do evento do ato de hoje no Facebook contava no início da tarde de hoje com cerca de 250 mil pessoas com a presença confirmada – o que não quer dizer que todos irão, porque é comum “confirmar presença” como maneira simbólica de apoiar uma causa.

Ficou definido também que a PM não usará balas de borracha. Outros dos armamentos menos letais, como spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo, fazem parte, segundo o secretário de Segurança Fernando Grella, de uma estratégia de “resposta escalonada” e poderão ser usadas de acordo com o desenrolar dos acontecimentos. A Tropa de Choque da PM também não será mobilizada, mas estará à disposição, segundo Grella.

Além disso, de acordo com o secretário, a PM está orientada a tratar individualmente eventuais casos de depredação ou excesso, sem buscar dispersar a manifestação. Perguntado sobre o porquê de essa abordagem não ter sido usada nas outras manifestações, o secretário afirmou que essa sempre foi a diretriz.

Grella manteve o discurso dos últimos dias, reafirmando a investigação individual sobre os eventuais excessos cometidos tanto por manifestantes quanto por policiais. “O papel da PM é organizar para que o movimento aconteça sem causar problemas. Quinta houve problemas e os casos estão sendo investigados”, repetiu.

Segundo Mayara Vivian, representante do MPL, os dois lados manifestaram o compromisso de que a manifestação ocorra sem incidentes. “O movimento quer a revogação do aumento das tarifas de transportes. Queremos negociar com as secretarias de transporte do governo estadual e municipal com esse objetivo”, reafirmou.

Violência da PM

Perguntado sobre as críticas feitas por organismos internacionais à existência de uma Polícia Militar, Grela disse respeitar as opiniões, mas externou não considerar a desmilitarização um caminho. Sobre o elevado número de mortes em confrontos com a PM, o secretário afirmou que houve queda nos indicadores de letalidade e aumento da efetividade da corporação por mudanças de procedimentos.

“Todos estes fatos isolados são investigados. A PM tem uma folha de serviços prestados que não podemos deixar de lado. O currículo de formação dos policiais tem várias matérias sobre direitos humanos”, afirmou. “O que temos é que melhorar. Vivemos fatos sociais dinâmicos e temos que nos aperfeiçoar”, disse.

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