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Passe Livre diz que revogação não exige cortes em outras áreas

Militantes do movimento pedem subsídios para transporte público, prometem continuar com protestos e afirmam que cabe ao prefeito encontrar recursos para garantir que tarifa retorne a R$ 3

Danilo Ramos/RBA

Novo ato esta marcado para amanhã (20), às 17h, com concentração na avenida Paulista

São Paulo – Militantes do Movimento Passe Livre refutaram hoje (19) o argumento do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de que seria preciso retirar verba de outras áreas, como saúde e educação, para reduzir a tarifa do ônibus – reajustada de R$ 3 para R$3,20 no último dia 2. O posicionamento foi dado após o prefeito afirmar, em entrevista coletiva nesta manhã, que a redução da tarifa depende de desonerações do governo federal ou de corte de verba para outras áreas.

“Saúde e educação estão vinculadas a impostos diretos. Isso é lei”, afirmou o militante Rafael Siqueira. “Não cabe ao movimento dizer de onde a prefeitura deve tirar dinheiro. A prefeitura que tem de ouvir as demandas da população e encontrar um caminho para atendê-las da melhor forma.”

Em nota emitida na tarde de hoje, o Passe Livre avalia que o poder público municipal tenta “iludir” os manifestantes “criando a falsa ideia de que, para revogar o aumento, a prefeitura terá que retirar dinheiro da educação, saúde e outras áreas sociais”. O texto reforça que as verbas para esses setores “não podem ser transferidas”.

“O prefeito diz que não poderia abandonar os projetos por ele formulados na campanha eleitoral, cedendo a uma pressão vinda das ruas, o que causaria ‘contradição entre rua e urna’. Não existe contradição: 77% da população (segundo Datafolha) aprova os protestos pela revogação do aumento, porcentagem superior ao próprio eleitorado do prefeito”, aponta a nota.

“Nós defendemos que o transporte precisa de mais desonerações, subsídios e investimentos, como acontece na saúde, educação e segurança. Queremos uma inversão de prioridades: mais investimentos no transporte coletivo e menos no privado”, afirmou o também militante Matheus Preis.

Na entrevista, o prefeito afirmou que está estudando a questão e até sexta-feira (21) dará uma resposta ao movimento. O Passe Livre confirmou um novo ato para amanhã (20), com concentração às 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.

Segundo os militantes, ainda não há perspectiva de uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, responsável pelo aumento dos trens metropolitanos e do metrô. “Os governantes estão vendo nossas reivindicações e esperamos uma resposta mesmo sem reunião marcada”, disse Preis.

Em nota, o Passe Livre afirmou que “o governo do Estado se cala e desaparece do debate público, se negando a dialogar e criando uma ideia que essa é uma questão única de segurança pública, colocando sempre o comando da PM à frente de todas as situações.”

Ontem (18), durante reunião do Conselho da Cidade, Haddad afirmou que 70% do valor da passagem é pago pelo usuário, 20% pela prefeitura e 10% pelos empresários. “Há uma diferença clara e para equilibrar essa balança e prefeitura aumenta tarifa. Aumenta o lucro do empresário”, diz Siqueira. “No período eleitoral a tarifa nunca sobre. Porque não se consegue manter o valor agora?”.

Na nota, o movimento avalia que a decisão por não reduzir a tarifa é “política” e lembrou que Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Goiânia (GO) e Florianópolis (SC) revogaram o aumento.

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