Violência

ONU pede que Brasil apure excessos da PM durante protestos

Organização pediu ‘diálogo aberto’ para encontrar soluções para as reivindicações

Danilo Ramos/RBA

Colville pediu ao governo brasileiro as medidas necessárias para evitar o uso desproporcional da força

São Paulo – O porta-voz do secretário de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, Rupert Colville, pediu hoje (18), em uma coletiva de imprensa, em Genebra, que autoridades brasileiras “realizem investigações imediatas, completas, independentes e imparciais” sobre o “uso excessivo da força” policial, durante a onda de manifestações no Brasil, motivadas pelo reajuste da tarifa do transporte público, que no último dia 2 passou de R$ 3 para R$ 3,20.

“Com mais protestos planejados para acontecer, estamos contudo preocupados com o uso excessivo da força policial relatada nos últimos dias, (que) não deve ser repetida”, disse. “Recebemos relatos de uma série de danos, ferimentos, prisões e detenções, incluindo o de jornalistas que cobrem os eventos. Algumas organizações da sociedade civil têm também denunciado a arbitrariedade de algumas dessas detenções.”

Colville pediu que o governo brasileiro tome as medidas necessárias para “garantir o direito de reunião pacífica e evitar o uso desproporcional da força durante os protestos”. Ele pediu que as autoridades lidem com os protestos com “moderação” e convoquem “os manifestantes a não recorrer a atos de violência em busca de suas demandas.”

O representante da ONU pediu que todas as partes envolvidas tenham “um diálogo aberto para encontrar soluções para o conflito”. Ele parabenizou a presidenta Dilma Rousseff, que afirmou que as manifestações pacíficas são legítimas, e o acordo feito em São Paulo para que a polícia militar não usasse balas de borracha.

Leia a declaração na íntegra:

“Instamos as autoridades brasileiras a exercer a moderação ao lidar com os difundidos protestos sociais no país, convocando também os manifestantes a não recorrer a atos de violência em busca de suas demandas. Protestos durante a noite ocorreram em várias das principais cidades brasileiras. A maioria das manifestações foi pacífica, mas foram relatados confrontos entre manifestantes e policiais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

Parabenizamos a declaração do Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ao afirmar que as manifestações pacíficas são legítimas, bem como o acordo na segunda-feira (17) para que a polícia de São Paulo não use balas de borracha.

Estes protestos, principalmente em relação ao aumento do custo dos transportes públicos e os custos de sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, começaram no dia 10 de junho e foram os maiores já vistos no Brasil em mais de 20 anos.

Com mais protestos planejados para acontecer, estamos contudo preocupados com o uso excessivo da força policial relatada nos últimos dias, [que] não deve ser repetida.

Recebemos relatos de uma série de danos, ferimentos, prisões e detenções, incluindo o de jornalistas que cobrem os eventos. Algumas organizações da sociedade civil têm também denunciado a arbitrariedade de algumas dessas detenções.

Apelamos ao governo do Brasil a tomar todas as medidas necessárias para garantir o direito de reunião pacífica e evitar o uso desproporcional da força durante os protestos. Também solicitamos às autoridades que realizem investigações imediatas, completas, independentes e imparciais sobre o alegado uso excessivo da força.

Instamos todas as partes envolvidas a se envolver em um diálogo aberto para encontrar soluções para o conflito e as alternativas para lidar com as demandas sociais legítimas, bem como para evitar mais violência.”

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