reação conservadora

Religiosos marcham em Brasília contra aborto e casamento homossexual

Para organizador de uma das marchas, sexo forçado, em caso de mulher casada, não pode ser considerado estupro

Divulgação/Federação Espírita Brasileira

Jaime Ferreira, do movimento Brasil Sem Aborto

São Paulo – Depois da Parada Gay de São Paulo, realizada no último domingo (2), milhares de manifestantes ligados a organizações católicas, evangélicas e espíritas vão se reunir hoje (4) e amanhã (5) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra o aborto e o casamento homossexual. A ideia é pressionar o Congresso Nacional a não avançar em propostas progressistas de regulamentação dos temas, apoiadas por movimentos sociais.

A 6ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, que se concentra hoje a partir das 15h no Eixo Monumental, é organizada pelo Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto. Tem como tema central “Quero Viver! Você me ajuda?”. Eles reivindicam a manutenção da legislação atual para o aborto e condenam a proposta prevista no projeto do novo Código Penal que, se aprovada, descriminaliza o aborto até a 12ª semana de gravidez pela vontade da mãe.

Os manifestantes aproveitam para reivindicar a aprovação do Estatuto do Nacituro, que busca garantir o direito de nascer da criança, e que será votado amanhã na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. “O documento apresenta alternativas para o aborto, por exemplo, em caso de estupro, garantindo que a mãe tenha assistência psicológica, ajuda para reconhecer a paternidade e uma bolsa do Estado caso seja pobre opte por ter o filho”, diz o vice-presidente do Movimento, Jaime Ferreira Lopes, que é ligado à Federação Espírita Brasileira.

“Não queremos aumentar a penalidade para a mulher que faz o aborto, mas para as clínicas clandestinas que ganham dinheiro com isso”, continua, afirmando que o movimento, apoiado pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, Federação Espírita Brasileira e por setores da igreja evangélica, é supra-religioso e supra-partidário.

“Hoje o aborto é considerado crime no Brasil, mas há duas possibilidades em que ele não é penalizado: quando não há outro meio de salvar a mãe e no caso de violência sexual. Houve, porém, uma série de facilitações sobre o que é estupro. Basta a alegação da mulher, mas estupro tem lesão e violência física”, avalia.

“Uma mulher casada pode ter sido forçada a fazer sexo com o marido, mas não houve estupro. Pode ter havido uma negativa de se ter a relação sexual com o próprio marido que resulte em uma gravidez. Ela já vem com o caráter da negação e pode levar a pessoa a querer um aborto por um motivo não tão forte”, avalia. “A mulher que foi estuprada precisa, antes de tudo, de acompanhamento psicológico para superar o trauma.”

A marcha de amanhã, organizada pelo pastor Silas Malafaia, pretende reunir 100 mil evangélicos para uma manifestação “a favor da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da vida e da família tradicional”, segundo o texto de divulgação. “Seu objetivo principal é marcar a posição dos evangélicos contra o controle da mídia, a censura da opinião, a descriminalização do aborto e a aprovação do casamento gay, projetos esses que são uma afronta à democracia, à vida e à família tradicional”.

A concentração será a partir das 15h, na frente do Congresso Nacional.