Lideranças indígenas prometem retomar terras no Mato Grosso do Sul

terenas

Gerson Oliveira/EFE

Índio na entrada da Fazenda Buriti, palco de conflitos com fazendeiros por demarcação de terras

São Paulo – Após a morte do índio terena Oziel Gabriel, na última quinta (30), lideranças indígenas reafirmaram a continuação do processo de retomada de terras no Mato Grosso do Sul. Segundo o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi – MS), Flávio Vicente Machado, as comunidades se sentiram violentadas em um processo “legítimo de reivindicação dos seus direitos territoriais” e estão dispostas a morrer por suas terras: “Tememos pela segurança da comunidade, pois a retomada dessas terras pode promover mais violência a partir de uma nova ordem de reintegração de posse com o uso da polícia”.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Machado diz que  o acordo feito entre fazendeiros e índios no sábado (1º), foi quebrado. Feito na presença do integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Rodrigo Rigamonte, o acordo previa que, em 15 dias, os índios não retomariam terras e teriam 48 horas para sair. Já os fazendeiros não entrariam com ordem de reintegração de posse das áreas já retomadas.

A expectativa era de que os dois grupos, juntos, tivessem uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, de quem seria exigido posicionamento referente à demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul. “Ao passo que os fazendeiros entraram com ordem de reintegração de posse, os indígenas passaram a entender que o acordo foi quebrado e que, portanto, novas retomadas podem acontecer”, diz Machado.

Luiz Henrique Aloi, advogado dos índios terenas, classifica a ação da polícia durante a reintegração de posse como “ilegal” e diz que os índios estão articulados, cientes dos seus direitos sobre as terras: “Eles começaram movimento de retomada diante da omissão do estado brasileiro em demarcar seus territórios. Mais conflitos podem ocorrer enquanto o governo não tomar posicionamento sobre a demarcação de terras indígenas”.

Para Aloi, há uma tentativa de deslegitimação da luta dos indígenas pelo governo federal e por representantes do agronegócio. “Eles estão izendo que os indígenas estão sendo incitados pela Funai e por ONGs para invadir as terras, mas essas decisões partem da própria comunidade juntamente com suas lideranças. Eles são protagonistas das suas lutas.”

Ouça a reportagem completa no link.

Leia também

Últimas notícias