Contra o aumento

Antes de ato, Haddad e Passe Livre não chegam a acordo sobre revogação de aumento

Em nota, MPL demonstra insatisfação com resultado de reunião-surpresa com prefeito, que disse não ser possível voltar atrás em reajuste do preço de ônibus por 'motivos técnicos'

Ninja/CC

MPL não considera o Conselho da Cidade adequado para debate por não ser instância deliberativa

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e a militante do Movimento Passe Livre (MPL) Nina Campelo se reuniram na manhã de hoje (17) para discutir possíveis soluções para financiar o transporte público e com isso reduzir o valor da tarifa, reajustado em 2 de junho para R$ 3,20, de volta para R$ 3.

Segundo nota divulgada pelo MPL, Nina Campelo foi chamada a uma reunião com o secretário de Governo, Antonio Donato, e acabou surpreendida pela presença de Haddad. “O prefeito fez diversos apontamentos e justificou que não é possível revogar o aumento da tarifa por motivos técnicos”, diz o comunicado do movimento.

“Contudo, os aumentos de tarifa não se tratam de uma questão técnica, mas política, como provam os diversos lugares em que a pressão popular conseguiu reverter. Mesmo com a presença surpresa do prefeito, essa conversa não tinha o poder de negociar a revogação do aumento.”

O impasse se mantém horas antes do próximo ato contra o aumento da tarifa, marcado para 17h no Largo da Batata, zona oeste da capital, e da apresentação do MPL no Conselho da Cidade, amanhã (18), às 9h. A convocação extraordinária do conselho foi feita na sexta-feira (14) pelo prefeito, menos de 24 horas após a repressão promovida pela Polícia Militar contra os participantes do quarto ato tratando do tema.

Durante a reunião, Nina Campelo reforçou o convite para que o prefeito participe de reunião agendada para quarta-feira na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, no centro da capital. Mas, segundo o MPL, Haddad não se comprometeu a comparecer – a prefeitura não confirma como foi a reunião desta manhã.

O Passe Livre não considera o Conselho da Cidade como local adequado para este debate, já que não é uma instância deliberativa. Criado em 26 de março. o colegiado de caráter consultivo é formado por sindicalistas, representantes de movimentos sociais, empresários e líderes religiosos. “Queremos espaço de negociação com o prefeito para pedir a revogação doaumento da tarifa, e não apenas para expor nossas motivações e propostas”, afirmou Nina Campelo na última sexta-feira (14). O movimento teria proposto uma reunião na quarta-feira (19), às 10h, no Sindicato dos Jornalistas.

Desde o dia 6 de junho, o Movimento Passe Livre organizou quatro protestos, todos marcados por repressão policial. No entanto, no último deles a situação foi extrema, com cerco da Polícia Militar à avenida Paulista, para impedir sua ocupação pelos manifestantes, e intenso uso de bombas de efeito moral e munição de borracha, ferindo cerca de cem pessoas, entre elas vários jornalistas. Além disso, 232 manifestantes foram detidos.

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