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Estudantes da USP criticam pautas abstratas defendidas no protesto de São Paulo

Parte dos professores suspendeu aulas para facilitar ida dos alunos ao ato que já está sendo realizado na Praça da Sé

danilo ramos/rba

Manifestantes defenderam causas paralelas, como a não aprovação da PEC 37, que tira poderes do Ministério Público

São Paulo – Estudantes da Universidade de São Paulo (USP), que têm reforçado os protestos do Movimento Passe Livre pela redução da tarifa do transporte público desde o último dia 10, criticaram hoje (18) as pautas abstratas defendidas no ato realizado ontem na capital. Pessoas gritavam palavras de ordem e portavam cartazes contra a corrupção, a PEC 37 (tira poder de investigação do Ministério Público) e os gastos investidos para a realização da Copa do Mundo, entre tantos outros. A manifestação reuniu pelo menos 100 mil pessoas nas principais vias da cidade, em um protesto pacífico, cujo eixo é a redução da tarifa de R$ 3,20 para R$ 3.

“O perfil da manifestação parece ter mudado bastante. Por um lado, é bom porque muitas pessoas estão aprendendo a ir para a rua reivindicar, mas as pautas têm se tornado abstratas”, avaliou a representante do Centro Acadêmico de Ciências Sociais Olivia Munhoz. “Nosso desafio agora é politizar as pessoas que estão nas ruas, em um movimento contrário ao tradicional, que é de levar as pessoas para a rua.”

O estudante de História Maurício Battistesce concorda. “O movimento não pode ter um cunho nacionalista. Os protestos têm de ser para brigar por aquilo que é do povo, por acesso a serviços público”, disse. “Estamos defendendo, antes de tudo, o acesso à cidade, que perpassa pelo transporte público e pelo preço do ônibus e do metrô”, avaliou a estudante de Ana Paula Figlino, também de História.

Pelo menos 100 estudantes dos cursos de História, Geografia, Ciências Sociais, Filosofia e Letras concentraram-se durante a tarde na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), de onde partiram para o ato de hoje, que está sendo realizado na praça da Sé.

“Vamos encontrar mais gente lá. Queremos grande presença dos estudantes para reforçar a pauta de redução da tarifa do transporte público”, disse Olivia. Os estudantes do curso fizeram barricadas nas portas das salas de aula para que os alunos do período noturno que estejam no ato não sejam prejudicados com anotação de falta.

Em solidariedade, muitos professores decidiram suspender as aulas hoje, e a maioria dos serviços prestados aos alunos nas faculdades, entre eles os laboratórios de informática, foi fechada às 16h para que os funcionários também pudessem participar do ato.

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