Direitos humanos

Em paz, protesto contra ‘cura gay’ mobiliza ativistas e psicólogos em São Paulo

Conselho de Psicologia reitera que considera proposta votada na Comissão de Direitos Humanos uma ingerência na profissão e um retrocesso

A homoafetividade foi valorizada pelos manifestantes (Danilo Ramos. RBA) <span></span>Os manifestantes foram do centro da cidade até a Avenida Paulista (Danilo Ramos. RBA) <span></span>O pastor-deputado foi um dos principais alvos do protesto (Danilo Ramos. RBA) <span></span>A ONU deixou de aceitar homossexualidade como doença em 1990 (Danilo Ramos. RBA) <span></span>As faixas se valeram de brincadeiras para criticar o debate na CDH (Danilo Ramos. RBA) <span></span>O ato reuniu quatro mil pessoas e foi encerrado na avenida <span></span>Os participantes consideram que o debate na Câmara foi dominado por preconceito (Danilo Ramos. RBA) <span></span>Vários cartazes pediram que a presidenta se envolva no debate (Danilo Ramos. RBA) <span></span>O Conselho Regional de Psicologia reiterou a oposição ao projeto(Danilo Ramos. RBA) <span></span>No vão do Masp, manifestantes encerraram a marcha, pafícica (Danilo Ramos. RBA) <span></span>A mistura entre religião e política fere o Estado laico, afirmam ativistas (Danilo Ramos. RBA <span></span>

 

São Paulo – Ao menos quatro mil pessoas se reuniram em São Paulo na noite de ontem (21) para protestar contra o projeto da “cura gay”, aprovado esta semana pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A proposta do deputado João Campos (PSDB-GO) revoga trechos da Resolução nº 1/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que proíbe os profissionais da área de participar de terapia para alterar a orientação sexual e de atribuir caráter patológico (de doença) à homossexualidade.

“É inadmissível essa proposta de ‘cura gay’. Nós não aceitamos a homossexualidade como doença”, disse a presidenta do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Maria de Fátima Nassif. “O psicólogo pode, se for procurado, tratar um homossexual tranquilamente, mas, para ajudá-lo com o sofrimento que ele possa ter advindo da sua condição ou não. Sofrimento por homofobia, por opressão ou outros da natureza humana”, acrescentou, ao enfatizar que considera o projeto uma ingerência no exercício da psicologia.

Algumas faixas pediam a saída do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos. Desde que assumiu o colegiado, no início deste ano, Feliciano vem provocando protestos por colocar em votação propostas da bancada religiosa, da qual é integrante, e ignorado a linha de pensamento desenvolvida ao longo dos 18 anos anteriores por partidos alinhados à defesa dos direitos fundamentais.

O projeto da “cura gay” ainda precisa ser votado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir para o plenário da Casa.

A estudante de serviço social Rita de Cássia disse que se sente discriminada pela proposta. “Se a gente é igual perante as leis, porque não os nossos direitos?”, questionou. Enquanto o estudante de direito, Jonas Del Nobile, acredita que falta sensibilidade dos legisladores para ouvir a sociedade. “É muita arrogância, muita prepotência, muita falta de consideração que essas coisas aconteçam sem que você consulte as pessoas se isso realmente interessa para a população”, criticou.

Para a veterinária Carolina Parsekian, as discussões sobre o projeto ajudaram a trazer à tona o preconceito velado contra os homossexuais. “Eu sempre fui simpatizante com o movimento gay, tenho vários amigos gays. Eu acho que o Brasil tem um preconceito velado”.

Com informações da Agência Brasil.