Saída

Comissão da Verdade sofre nova baixa: Fonteles afirma que trabalho ‘chegou ao fim’

Ex-procurador-geral da República é o segundo de sete integrantes a deixar o colegiado, que ainda não substituiu Gilson Dipp. Rosa Cardoso lamenta, mas nega divergências

Arquivo CNV

“Tudo na vida tem o seu tempo”, disse Fonteles em Brasília

São Paulo – O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles anunciou hoje (18), de maneira surpreendente, que deixará a Comissão Nacional da Verdade. “Considerei, realmente, que o meu trabalho na Comissão da Verdade cumpriu-se, chegou ao fim. Entendi por razões estritamente pessoais que era o tempo de encerrar”, disse Fonteles em encontro do Colégio de Procuradores da República, que está reunido em Brasília.

Esta é a segunda baixa oficial no colegiado em pouco mais de um ano de trabalho. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp vai deixar as atividades do colegiado por problemas de saúde. Ele ficou internado durante quase todo o segundo semestre do ano passado e recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, apenas em março de 2013. Dilma Rousseff não nomeou até agora um substituto.

A saída de Fonteles agrava o quadro da Comissão da Verdade porque ele vinha sendo um dos membros mais atuantes, ao lado de Paulo Sérgio Pinheiro, Maria Rita Kehl e de Rosa Cardoso, atual coordenadora dos trabalhos. Além deles, o advogado José Carlos Dias e o jurista José Paulo Cavalcanti são integrantes do colegiado, mas raramente aparecem em reuniões.

Ainda assim, Fonteles, que já coordenou a comissão, considerou que sua saída não prejudicará as atividades. “Acho que já vi fiz um trabalho, participei de diversos debates no país, produzi 150 textos escritos. É o tempo. Tudo na vida tem o seu tempo. Não há seres humanos insubstituíveis. Outras pessoas virão e continuarão [as atividades].”

O ex-procurador-geral da República negou que a renúncia tenha sido motivada por desentendimentos internos. “Quanto àquilo que já foi noticiado pela imprensa [divergências internas], [isso] não pesou, até porque foi sanado”.

Em nota, Rosa Cardoso informou que a renúncia foi comunicada ontem aos demais integrantes e será oficializada a Dilma Rousseff, a quem caberá indicar um substituto. A coordenadora negou que a saída do ex-procurador-geral da República tenha sido motivada por divergências. “Pretendo ficar na comissão até o final dos trabalhos da CNV. Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco.”

Criada em maio de 2011, a Comissão Nacional da Verdade tem prazo de dois anos para apurar crimes cometidos pelo Estado entre 1946 e 1988. O foco principal são as violações cometidas pela ditadura (1964-85). A grande quantidade de frentes abertas e a extensão da apuração levaram os integrantes do colegiado a pedir a Dilma Rousseff a prorrogação dos trabalhos por seis meses. Embora o Palácio do Planalto tenha explicitado estar de acordo com esta medida, ainda não houve anúncio oficial do novo prazo.

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