Forum Mundial

Carta de Canoas afirma periferia como centro de construção de novas metrópoles

Após três dias de debates, documento final reafirma busca por cidades inclusivas e democráticas

Secom/Canoas

Os relatores de cada debate apresentaram as propostas que compuseram o documento final

Canoas (RS) – Recusar os interesses privados e de mercado na organização das cidades e atuar compartilhando ideias e cooperando mutuamente deve ser o ideal de gestão dos prefeitos de cidades periféricas metropolitanas. Para os participantes do 3º Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia, deve-se resistir à transformação das periferias em guetos e os controles institucionais ou econômicos.

“Os caminhos para metrópoles inclusivas, solidárias, sustentáveis e democráticas estão para ser inventados por seus cidadãos e cidadãs”, diz um trecho da Carta de Canoas, resultado dos três dias de encontro.

Para os prefeitos, o sistema neoliberal vigente amplia segregações sociais, acentua as desigualdades, ignora as diversidades culturais, contraria a promoção dos serviços públicos e ameaça o equilíbrio ecológico do mundo. E faz com que o Estado deixe de cumprir suas funções essenciais como reduzir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida da população. O fórum teve três dias de debates, reunindo 2.200 pessoas, de 200 cidades, de 50 países, em Canoas, no Rio Grande do Sul.

Para enfrentar essa condição, foram definidos três desafios: estabelecer compromissos para a construção de metrópoles solidárias, democráticas e sustentáveis; elaborar um relatório mundial sobre as regiões metropolitanas do mundo, a partir do olhar das cidades periféricas, contando com a colaboração de intelectuais, chefes de executivo, pesquisadores e agregando o conhecimento e debates acumulados em dez anos de Falp; e construir uma plataforma de boas práticas, que possa ser compartilhada e ampliada pela internet, permitindo o intercâmbio de experiências.

O próximo Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia ficou indicado para o primeiro semestre de 2016.

Nesta edição, o Falp reuniu autoridades da América Latina, África, Oriente Médio e Europa. foram discutidos temas como identidade e multipolaridade, governança e participação, igualdade e políticas de gênero. Além dos debates políticos, houve atividades culturais tradicionais dos países participantes e seminários paralelos sobre temas diversos. O evento se encerrou ontem (13), com uma palestra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O fórum foi idealizado em 2003, durante o processo do Fórum Social Mundial (FSM) e do Fórum de Autoridades Locais pela Inclusão Social e a Democracia Participativa. Propõe a criação de novos paradigmas para o espaço urbano, baseado no estabelecimento de novas centralidades, na solidariedade, na sustentabilidade, na valorização das diferentes culturas, na inclusão social e na defesa dos direitos. Desde então foram realizadas duas edições, a primeira em 2006, na cidade francesa de Nanterre, e a segunda em 2010, em Getafe, na Espanha.

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