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Secretário de cultura diz que policiais fizeram ‘corpo mole’ na Virada Cultural em SP

Evento teve arrastões e uma morte. PMs insatisfeitos com o estado e a prefeitura teriam se omitido

© Olivia Tesser/Folhapress

Policiais militares em serviço durante Virada Cultural paulistana. Apesar do contingente, número de ocorrências violentas foi alto

São Paulo – O secretário municipal de cultura, Juca Ferreira, afirmou ontem à noite (27) que a polícia fez “corpo mole” durante Virada Cultural, evento organizado pela prefeitura de São Paulo no centro da cidade há 15 dias. Durante a madrugada de sábado (18) para domingo (19), houve arrastões e uma pessoa morreu depois de baleada. Vários relatos de vítimas, nas redes sociais, diziam que integrantes da Polícia Militar haviam se omitido durante os ataques.

Até aqui o prefeito Fernando Haddad (PT) e o próprio Ferreira vinham evitando criticar a corporação. Ontem, porém, durante encontro da série Existe Diálogo em SP, desta vez com a comunidade teatral, o secretário foi taxativo.

“A polícia fez corpo mole de fato. Um dos representantes da polícia militar eleito, acho que na Assembleia, disse que houve, de fato, porque a corporação estava descontente com o governador e com o prefeito”, afirmou, referindo-se à Casa dos deputados estaduais paulistas.

Uma das razões do descontentamento seria a remuneração e as condições de trabalho na operação delegada, programa em que policiais – que são de responsabilidade do estado podem se candidatar a trabalhar para a municipalidade durante suas folgas e realizar atividades de funcionários da prefeitura, como fiscalizar a lei do silêncio.

Ferreira tomou o cuidado de não criticar a parceria com o estado, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ou o comando da corporação. “O ambiente era o mais afável possível. Tinha uma sala de situação montada. O problema é que não tinha disposição de fazer a intervenção”, disse o secretário.

“Não estou dizendo isso para desgastar o governo do estado, a polícia. Pelo contrário. A polícia é uma parceira de todas as atividades, de todos os eventos que fizermos na rua. Nós estamos a mil maravilhas com o governo do estado. Mas nós temos um problema. Houve uma quebra de qualidade do evento por causa do nível de violência.”

O secretário defendeu a Virada e afirmou que esse ano o evento teve a melhor preparação de todos os tempos, respeitando tudo que havia sido acumulado desde a sua primeira edição, em 2006, na gestão de José Serra (PSDB). “É preciso fazer um balanço justo. Porque na verdade, foi a melhor programação apresentada até agora. A mais organizada, não teve sujeira, a quantidade de banheiros químicos foi 30% maior que das edições anteriores”, argumentou.

“Teve um assassinato, é grave. Eu não estou querendo minimizar a gravidade do fato. Pelo contrário. Estou querendo dizer que é grave que uma cidade como São Paulo que vai sediar eventos importantes no mundo, tem vocação de ter indústria cultural forte, não garanta atividades culturais na rua. A lógica minha é fazer a crítica a quem não correspondeu. Porque quem trabalhou seriamente, funcionou”, disse.

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