Contra o Genocídio

Grupo ocupa secretaria e pede indenização para vítimas de violência policial em São Paulo

Assessoria prometeu receber comissão de manifestantes às 16h. Pedido de investigação também foi protocolado no Ministério Público

São Paulo – Cerca de 200 manifestantes do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, do Periferia Ativa e do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam no final da manhã de hoje (14), por cerca de uma hora e meia, a sede da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, no centro da capital.

Eles pedem que as famílias das pessoas assassinadas por agentes do estado recebam indenizações equivalentes as pagas às famílias de policiais mortos em serviço. “Um policial morto em serviço, independentemente do motivo, a família dele recebe R$ 200 mil em indenização. Porém, se um filho da periferia é morto pela polícia a família não recebe nada. Hoje viemos protocolar um documento pedindo indenização para essas famílias e segurança para as mães que estão sendo ameaçadas por denunciar”, afirma Jussara Basso, do Periferia Ativa.

“Estamos aqui para que nenhuma mulher passe o próximo Dia das Mães sem seus filhos”, anunciava Carolina Amanda, do Comitê Contra o Genocídio, pelo sistema de som que acompanhava o grupo.

Depois de uma hora ocupando o hall de entrada da secretaria, os manifestantes receberam a promessa de que serão recebidos às 16h. A expectativa é que o próprio secretário, Fernando Grella Vieira, os receba. Caso o encontro se confirme, essa será a primeira vez que os grupos que denunciam a violência estatal serão recebidos pelo titular da pasta. Desde que assumiu o cargo, em 22 de novembro de 2012, eles pedem uma audiência.

No dia de sua posse, um ato com as mesmas características ocupou a sede da Secretaria de Justiça. E em 19 de março, os militantes ocuparam pela primeira vez a sede da SSP depois de um encontro frustrado com Grella na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, distante poucos metros da sede administrativa.

A reivindicação sempre foi a mesma: a investigação minuciosa sobre a existência de grupos de extermínio formados por policiais militares e de crimes registrados como resistência seguida de morte, tipologia extinta oficialmente em 8 de janeiro, e que dava brecha para que crimes fossem encobertos. Em 2012, 546 pessoas foram mortas por policiais em serviço. No mesmo período, 14 policiais foram assassinados enquanto trabalhavam.

Depois de saírem da SSP, os manifestantes caminharam até o Ministério Público, na rua Riachuelo, também no centro, e protocolaram um novo pedido de investigação.