Fim do Impasse

Governo fará remoção de 520 casas irregulares no Jardim Botânico do Rio

Decisão anunciada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, deverá solucionar imbróglio que precipitou saída do presidente do instituto

A ministra Izabella Teixeira disse que um escritório do governo vai cadastrar os moradores que serão removidos (Paulo de Araújo. MMA)

Rio de Janeiro – Em uma decisão inesperada, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou hoje (7) que o governo decidiu pela remoção de 520 casas construídas ilegalmente nas últimas décadas dentro do terreno do Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).

A medida, anunciada em entrevista coletiva realizada na sede do instituto e que contou também com as presenças do advogado geral da União, Luís Inácio Adams, e da titular da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Cassandra Nunes, põe fim a um imbróglio que se agravou nos últimos dez anos de governo petista e colocou em lodos opostos setores do governo e do partido.

Do total de 621 casas consideradas irregulares, apenas 101, situadas na localidade conhecida como Dona Castorina, irão permanecer dentro do Jardim Botânico. A decisão é surpreendente, pois até poucas semanas atrás a SPU defendia a regularização fundiária da maioria das casas.

Uma suposta inclinação do governo em direção a essa posição teria, inclusive, precipitado a saída do agora ex-presidente do JBRJ, Liszt Vieira, que estava no cargo desde o início do governo Lula e é defensor das remoções em nome da “expansão da vocação científica do instituto”, uma vez que o Jardim Botânico é auxiliar do governo brasileiro no cumprimento das metas estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU.

Substituído ontem na presidência do JBRJ por Samyra Crespo, que até então estava à frente da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Liszt Vieira admite estar surpreso com a decisão anunciada pela ministra: “É uma decisão muito importante, um avanço extraordinário. Acho que o governo se rendeu às decisões da Justiça Federal pela ilegalidade das ocupações”, disse.

Em reunião marcada para a noite de hoje, representantes dos órgãos envolvidos nas remoções terão uma primeira conversa com as famílias que serão removidas. O governo anunciou que a partir de amanhã será montado dentro do Jardim Botânico um escritório para tratar individualmente de cada um dos casos. Segundo disse a ministra Izabella, a ideia é fazer um cadastramento para identificar quem são os moradores de baixa renda, quem tem direito a indenizações por terem feito benfeitorias nos imóveis e quem simplesmente tem que deixar as áreas ocupadas.

Durante a manhã, uma manifestação com cerca de cem moradores protestou dentro do Jardim Botânico contra as remoções anunciadas. Serpro fora Segundo o plano anunciado hoje pelo governo, serão removidas as casas construídas ilegalmente nas localidades conhecidas como Solar da Imperatriz, Pacheco Leão, Vila da Major, Vila 64, Caxinguelê, Morro das Margaridas e Grotão. Também será desocupado um prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) que há anos funciona dentro do Jardim Botânico.

Foi permitida a continuidade de uma escola municipal e de uma subestação de energia elétrica da Light, além de dois prédios, um do Tribunal Regional Eleitoral e outro da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A demarcação apresentada totaliza 132,5 hectares, que, segundo anunciou a ministra Izabella, deverão em breve ser expandidos com a incorporação de mais seis hectares de uma área privada de Mata Atlântica vizinha ao parque.

Com agências.

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