Atendimento diferenciado

Dentistas querem delegacia só para profissionais liberais em São Paulo

Conselho Regional afirma que há subnotificações de casos de violência a consultórios porque 'classe odontológica' não vai a delegacias comuns

Fachada do consultório de Cinthya Magali, em São Bernardo. Dentista foi queimada viva

São Paulo – O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) se reuniu hoje (28) com o delegado geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, e com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, para pedir a criação de uma delegacia especializada para profissionais liberais.

O pedido ocorre depois de duas morte de profissionais da área em suas clínicas.

A audiência estava marcada para o próximo dia 7, desde a morte de Cinthya Magaly Moutinho de Souza, queimada em seu consultório no final do mês passado em São Bernardo, no ABC Paulista; mas a morte de outro dentista na última segunda-feira (27), também queimado, em São José dos Campos, antecipou o encontro.

Ontem, o Conselho publicou uma nota de indignação.

“Crimes como esses, lamentavelmente, demonstram que estamos muito distantes de garantir segurança para os cirurgiões-dentistas e a população. As autoridades devem agir com presteza, criando um cinturão de segurança para os profissionais de odontologia, antes que o modus operandi vire prática comum aos criminosos”, diz o texto. Hoje, o Conselho Federal de Odontologia também publicou uma nota apoiando a reivindicação.

Segundo o presidente do Crosp, Claudio Miyake, Grella prometeu pensar no pedido das delegacias especializadas. De imediato, o secretário acenou com a criação de uma rede de acesso específico de atendimento aos dentistas nas delegacias do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) na capital e das Delegacias de Investigações Gerais, no interior (DIGs).

Isso faria com que as informações serão interligadas e compartilhadas por todas as delegacias do estado, de acordo com Miyake.

A Secretaria de Segurança foi procurada pela RBA, mas não se pronunciou até a publicação dessa reportagem.

Subnotificação

O Crosp acredita que haja subnotificação da violência sofrida por dentistas. O conselho criou um e-mail para receber denúncias dos profissionais e apenas ontem, garantiu, Miyake, 20 situações foram reportadas.

“Muitos não fazem B.O. Até por conta da dificuldade de fazer o boletim. Porque quer evitar estar em uma delegacia comum. Então o secretário abriu essa possibilidade pra que os casos referentes à classe odontológica sejam atendidos de forma pontual e específica”, afirmou. O Conselho promete incentivar a denúncias.

Além disso, ficou definido que a Secretaria irá criar uma espécie de manual de segurança para os dentistas e, por iniciativa do Crosp, um aplicativo que irá alertar pessoas definidas pelos usuário em caso de pânico.

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