Após protestos contra pedido de homenagem, Telhada omite papel da Rota na ditadura

'Não queremos homenagear a corporação por um período específico, mas pelo conjunto da obra', argumenta vereador do PSDB de São Paulo, que afirma ter sido mal interpretado

Telhada afirma que quer homenagear a corporação por toda a história, e não pelo papel na ditadura (Foto: Márcio Fernandes/Folhapress)

São Paulo – Após repercussão negativa sobre o Projeto Decreto Legislativo (PDL) 6, de 2013, que homenageia as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o vereador paulistano Coronel Telhada (PSDB) alterou a justificativa do projeto, omitindo a parte em que exaltava o papel da corporação durante a ditadura (1964-1985). “Nosso projeto foi mal interpretado. Disseram que queríamos homenagear a Rota pela atuação na ditadura, o que não procede. A ideia é homenagear pelos 122 anos de história da corporação”, diz o vereador, que deseja conceder à força policial a Salva de Prata, maior honraria da Câmara Municipal de São Paulo.

Aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça em 21 de março, o PDL homenageia a Rota “pelos relevantes serviços prestados a sociedade brasileira e em especial, ao povo do Estado de São Paulo e a todos os paulistanos”. A antiga justificativa mencionava as “campanhas de guerra” feitas pela corporação durante a ditadura, como o caso “Boinas Negras”, que perseguiu “guerrilheiros da esquerda” como Carlos Lamarca e Carlos Marighella. No texto, os integrantes de grupos de resistência eram acusados de “implantar o pânico, a intranquilidade e a insegurança na Capital e Grande São Paulo” e “sequestros, roubos a bancos e ações terroristas”. A nova justificativa, publicada na terça-feira (2), não menciona esse período histórico.

De acordo com Telhada, as alterações foram feitas a partir das críticas feitas por alguns vereadores ao PDL, no dia 26 de março. “A avaliação pelo plenário foi adiantada. Alguns vereadores usaram o direito de fala para se manifestar sobre o projeto. Em consenso junto ao Mário Covas Neto (PSDB-SP), vimos que podíamos modificar.”

Após as mudanças, o vereado diz ter conversado com lideranças de alguns partidos na Câmara, que “prometeram reavaliar o projeto”. Para Telhada, não há motivos para que o PDL seja reprovado. “Não ha quem não goste da Rota. Se não gosta, é porque desconhece. Não queremos homenagear a corporação por um período específico, mas pelo conjunto da obra.” 

O PDL ainda ainda ser discutido pelas Comissões de Educação, de Cultura e Esportes e de Finanças e Orçamento para só depois ser discutido em plenário.