Jurado passa mal e julgamento sobre Carandiru recomeça nesta quinta

São Paulo – Depois de um dia de apreensão, o julgamento do massacre do Carandiru será retomado amanhã (18), a partir das 9h, no Fórum Criminal da Barra Funda, na […]

São Paulo – Depois de um dia de apreensão, o julgamento do massacre do Carandiru será retomado amanhã (18), a partir das 9h, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Um dos jurados sentiu um mal-estar na manhã de hoje e permaneceu em repouso durante todo o dia. Caso ele não melhore, o tribunal de sentença será dissolvido e o julgamento terá de recomeçar em data a ser marcada. Nesse caso, todas as testemunhas precisariam ser ouvidas novamente e outros jurados devem ser sorteados.

O juiz que preside o júri, Luiz Augusto Nardy Marzagão – que falou com a imprensa pela primeira vez hoje desde o início do julgamento, na segunda-feira –, não especificou quais sintomas o jurado apresenta, mas afirmou não se tratar de nada grave. Ainda assim, ele preferiu seguir a recomendação de repouso dada pelos médicos. “O jurado, que eu não posso citar o nome, queria voltar”, afirmou. Ele será reavaliado amanhã.

Os sete jurados permanecem isolados. Agora, o julgamento deve ser retomado com a leitura dos autos solicitada pelo Ministério Público e logo em seguida com o testemunho de quatro dos 26 réus. Os demais preferiram não dar suas versões sobre os fatos.

Depois de quase 21 anos, o julgamento de 26 policiais acusados de matar 15 de 111 presos na Casa de Detenção de São Paulo em 2 de outubro de 1992, o julgamento do caso do Carandiru deveria ter começado no último dia 8, mas foi suspenso pelo mesmo motivo: uma jurada passou mal. 

Os trabalhos foram adiados por uma semana e retomados na última segunda-feira (15). Naquele dia, cinco testemunhas de acusação foram ouvidas, entre elas, o perito criminal à época do fato, Osvaldo Negrini Neto, que negou que tenha ocorrido um confronto entre os policiais e os presos, resultando nas 111 mortes. Segundo Negrini, os tiros foram disparados “de fora para dentro das celas”, o que dá indícios de que só os policiais atiraram. Negrini também disse que a cena do massacre foi violada, pois os corpos dos presos foram removidos das celas e não foram encontradas as cápsulas das balas.

Ontem (16), foram ouvidas as testemunhas de defesa, arroladas pela advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defende os 26 policiais. Foram ouvidos os desembargadores Ivo de Almeida, Fernando Antônio Torres Garcia e Luis Antônio San Juan França. Também prestaram depoimento o então governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho; Pedro Franco de Campos, secretário de Segurança Pública à época do episódio; e a juíza Sueli Veraik Armani de Menezes. Também ontem o juiz deu início à leitura das peças, que deve continuar amanhã cedo.

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