Com problemas de saúde, Gilson Dipp deixará Comissão da Verdade
Ministro do STJ ligou para colegas da CNV comunicando que recuperação lenta não lhe permitirá continuar no grupo; membro está afastado das investigações há mais de sete meses
Publicado 29/04/2013 - 15h36
Gilson Dipp foi acometido por problemas de saúde ano passado. Enfermidades o afastaram das atividades da CNV por mais de sete meses (Foto: Elza Fiúza/ABr)
São Paulo – O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp vai pedir oficialmente demissão de seu cargo na Comissão Nacional da Verdade (CNV) dentro das próximas semanas, informaram hoje (29) em São Paulo seus colegas no grupo que investiga as graves violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante a ditadura. Membros da comissão estão reunidos na capital paulista com representantes de comitês de verdade, memória e justiça estaduais e temáticas de todo o país para receber críticas e sugestões.
“O ministro me telefonou na semana passada e me pediu que comunicasse aos demais membros da CNV que ele tinha avaliado e realmente chegou à conclusão de que não teria condições de garantir que voltaria a trabalhar dentro de um ou dois meses”, relatou a advogada Rosa Cardoso, coordenadora suplente da comissão. “Ele disse que não teria a energia necessária para as funções de deslocamento exigidas pela comissão, entre outras atividades que pedem mais força e condições melhores de saúde. E que ele estava apresentando uma carta de demissão à presidenta da República e queria nos comunicar antes de fazê-lo, mas que a carta já estava pronta. O ministro Dipp realmente deve deixar a comissão.”
- Relatório da Comissão da Verdade servirá para ‘derrubar impunidade’, diz Pinheiro
- ‘Não há direito à verdade sem direito à justiça’, diz membro da Comissão da Verdade
- Comissão da Verdade recebe comitês de memória, verdade e justiça em São Paulo
- Nome do delegado Fleury pode ser substituído pelo de Frei Tito em rua de São Paulo
- Comissão da Verdade maranhense define relator e marca primeira reunião aberta
- Delegado diz que Folha e Estadão financiaram repressão durante a ditadura
- Xavantes entregam relatório de violações à Comissão Nacional da Verdade
Gilson Dipp foi nomeado por Dilma Rousseff como um dos sete membros titulares da CNV em 16 de maio de 2012. No mesmo dia, após reunião entre os comissionados, o ministro do STJ foi escolhido como primeiro coordenador do grupo. Pouco tempo depois, contudo, foi acometido por uma doença pulmonar e sequer conseguiu terminar seu mandato de seis meses nessa função.
Após internação em Brasília, onde seu estado de saúde se agravou, Dipp foi transferido para a UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, no último dia 5 de outubro. Lá passou por cirurgia abdominal para combater uma perfuração no intestino e começou uma lenta recuperação. O ministro do STJ recebeu alta em 4 de março e voltou a desempenhar algumas funções no Judiciário, mas até agora não havia retomado à CNV.
Ao todo, Dipp passou mais de sete meses afastado. Durante esse tempo, seus colegas na comissão evitaram tratar publicamente do assunto. “Temos que levar em conta que o ministro não tem culpa de ter contraído uma gravíssima enfermidade por tanto tempo”, esclareceu o coordenador da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro. “Se eu estivesse no lugar dele, gostaria que a comissão tivesse paciência em relação a minha situação. É algo bastante delicado.”