Filho de Herzog lança movimento pelo afastamento de José Maria Marin da CBF

Petição pública na internet criada por Ivo Herzog pretende impedir que o atual presidente da entidade que comanda o futebol no país seja o 'anfitrião' da Copa do Mundo de 2014

Detalhe da petição pública eletrônica que pretende barrar a presença de José Maria Marin na CBF (avaaz.orb/reprodução)

São Paulo – Ivo Herzog, filho do jornalista Vladmir Herzog, que foi assassinado nos porões da ditadura, em 1975, lançou na semana passada uma petição na internet que pede o afastamento de José Maria Marin da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

A partir de documentos da Assembleia Legislativa de São Paulo, verificou-se que, na década de 1970, o atual presidente da CBF e então deputado estadual pela Arena, partido de sustentação ao regime militar, José Maria Marin proferiu um discurso criticando a ausência da TV Cultura na cobertura de um evento do governo de exceção. 

Em sua fala, ele exigia que alguma “providência” fosse tomada em relação ao tipo de jornalismo que a emissora praticava à època, para que a “tranquilidade” fosse recuperada no estado. Dezesseis dias depois, Vladimir Herzog, então diretor de Jornalismo da TV Cultura, foi preso e assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Segundo Ivo Herzog, que atualmente trabalha no ramo de comércio exterior, o discurso foi um dos fatores que levaram ao assassinato de Vladmir. “Um ano depois da morte do meu pai, ele (Marin) faz um discurso na Assembleia Legislativa tecendo elogios de herói ao delegado Sérgio Fleury, que foi um famoso torturador e sequestrador de presos políticos. É difícil imaginar que essa pessoa, com esse passado, será o anfitrião do maior evento esportivo do Brasil. Isso é inaceitável”, disse Ivo à Rádio Brasil Atual.

Ele teve a ideia de laçar a petição na última terça-feira (18). Até as 11h30 de hoje  (26), o abaixo-assinado eletrônico já tinha perto de 25 mil assinaturas. Ele ressaltou que, já que não é possível responsabilizar Marin judicialmente sobre seus atos do passado, é importante impedir que ele represente o país. “Não podemos julgar essas pessoas,  porque o país tem uma Lei de Anistia ‘torta’, mas que pelo menos não se crie uma grande festa da qual ele seja o grande representante.”

“A questão da Copa do Mundo é muito complexa, porque há essa entidade privada, mas que mobiliza recursos públicos. Nós estamos pagando por essa Copa do Mundo. Estamos pagando pela festa de José Maria Marín”, protestou.

A petição “Fora Marín” está no site Avaaz.org, uma organização de ativistas criada em 2007, que se propõe a fazer mobilizações sociais por meio da internet.

Ouça aqui a reportagem de Marilu Cabañas. 

 

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