Revista do Brasil: os postais de Niemeyer

Ele assinou mais de 2 mil obras espalhadas pelo mundo e arquitetou um Brasil moderno, mas a urbanização do país tomou rumos que não estavam em sua prancheta

São Paulo – Palácios do Planalto e da Alvorada, prédios do Congresso Nacional e as principais edificações do Plano Piloto de Brasília. Parque do Ibirapuera e Edifício Copan, em São Paulo. Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. Bolsa de Trabalho de Bobigny, a sede do Partido Comunista Francês, e Centro Cultural Le Havre, na França. Editora Mondadori, na Itália. Universidade de Constantine, na Argélia. Pestana Casino Park, em Portugal. Alguns cartões-postais arquitetônicos de importantes cidades do mundo têm assinatura de Oscar Niemeyer. Além dos edifícios com estilo particular, ele projetou influências. Talvez nenhum outro arquiteto tenha produzido tanto durante tão longo período de atividade como Niemeyer.

“O vocabulário da arquitetura moderna brasileira deve muito ao seu trabalho inicial. Os arquitetos modernos brasileiros são todos seus seguidores. Ele influenciou a lógica de pensar o objeto arquitetônico e sua inserção, mais que na cidade, na paisagem”, define o professor Luiz Antonio Recamán Barros, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

Obras Niemeyer (RdB)

Da esquerda para direita:
Congresso Nacional e Catedral de Brasília (Ricardo Moraes e Ueslei Marcelino/Reuters); Igreja da Pampulha, Belo Horizonte (Rosino/Flickr/CC) e Centro Cultural Oscar Niemeyer, Avilés, Espanha (Eloy Alonso/Reuters); e Pavilhão da Bienal, Ibirapuera, São Paulo (flickr.com/stop_me) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Guilherme Jófili/Flickr/CC)

Uma proposta inicial de Brasília era que todas as moradias pertencessem ao Estado para serem utilizadas pelos funcionários públicos, algo então considerado próximo do socialismo. Niemeyer foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e emprestou a própria casa para que Luiz Carlos Prestes montasse o comitê do partido. Durante alguns anos do regime militar, foi morar na França. Mas segundo o cineasta Fabiano Maciel, diretor e roteirista do documentário A Vida É um Sopro, sua obra não foi tão marcada por suas predileções políticas. “Ele mesmo discordava da arquitetura soviética, por exemplo.”

“Ele foi responsável por uma das mais fortes e constantes imagens da nacionalidade”, diz o professor da FAU-USP Recamán Barros, autor do trabalho Oscar Niemeyer: Forma Arquitetônica e Cidade no Brasil Moderno – tese de doutorado em Filosofia. “O grande problema da arquitetura moderna brasileira é exatamente o fato de não considerar a complexidade das cidades e do processo de urbanização que o país viveu desde os anos 1940. Os importantes edifícios não lograram interferir, positivamente, na estrutura urbana que estaria por vir.”

Leia reportagem completa na Revista do Brasil de dezembro

 

Leia também

Últimas notícias