Catadores e moradores de rua elogiam governo, mas fazem exigências a Dilma

Encontro em São Paulo trouxe presidenta e ministros para dialogar com movimentos sociais, que pediram fim da violência, suspensão das internações compulsórias e respeito aos direitos humanos durante a Copa

São Paulo – Representantes de catadores de materiais recicláveis e moradores de rua fizeram hoje (21) algumas exigências ao governo federal durante encontro com a presidenta Dilma Rousseff em São Paulo. “Se não tem agenda, se não tem compromisso, nada acontece”, discursou Anderson Lopes Miranda, membro da coordenação do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR).

Ele reconhece que muita coisa melhorou desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a se encontrar anualmente com os catadores, em 2003 – tradição a que Dilma tem dado continuidade. Miranda recalcou, porém, que ainda falta muito por fazer, e pediu ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, presente no evento, que trabalhe contra a internação compulsória para tratamento de moradores de rua dependentes de crack, como tem ocorrido em algumas cidades brasileiras. “Precisamos de saúde, moradia, trabalho, educação, esporte, cultura e lazer”, sublinhou. “Mas há cidades internando compulsoriamente.”

O fim das internações compulsórias faz parte de uma carta de 13 pontos entregue pelos movimentos sociais à presidenta Dilma Rousseff, que inclui ainda a apuração dos crimes cometidos contra a população de rua – tema abordado pela presidenta em seu discurso – e o fim dos despejos devido às obras da Copa do Mundo de 2014. “Gostamos de futebol, mas não queremos violência contra essa população, expulsão dos pobres, higienização, despejo de famílias em torno dos estádios”, destaca o líder do MNPR. “Queremos uma Copa inclusiva, social e muito bonita, e que essas pessoas que estão em situação de rua possam ser contratadas para ser guia turístico.”

Outra exigência entregue à presidenta foi a continuidade do serviço prestado pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis de Belo Horizonte, que Dilma também garantiu. “Esse ano a presidenta veio confortada para a população de rua, para os catadores”, elogiou Miranda. “Nós nunca sabíamos que ia ter recursos, hoje ela falou olho no olho. O montante de recursos que vai ser repassado para a demanda dos catadores e da população de rua é fundamental, é importante, porque não pode tratar essa população só com caridade, fazer programa e jogar ela lá, mas sim dizer: temos tanto no orçamento, a prefeitura que tratar bem essa população vai receber esse recurso.”

O coordenador do MNPR pediu que os movimentos sociais participem da reunião que Dilma realizará com alguns prefeitos eleitos do país logo no início de 2013. E foi atendido. “Essa sugestão é fundamental”, concordou a presidenta. “Vocês têm que comparecer.”

Apesar de pouca gente ter ido à quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no centro da capital, para ouvir a presidenta,  o coordenador do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Roberto Laureano, comemorou mais um encontro do governo com a categoria. “Acho que temos o privilégio de todos os anos ter a presidenta num momento de discutir, trazer as pautas e a presidenta discutir conosco”, disse. “Nosso principal objetivo pra 2013 é a inclusão social dos catadores que estão nos lixões e nas ruas, e apoio na contratação das cooperativas para o serviço prestado.”

 

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