Cardozo chama sistema prisional de ‘medieval’ e diz que cadeias são ‘escolas do crime’

São Paulo – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (13) a um grupo de empresários em São Paulo que os presídios brasileiros são “escolas do crime”. “Os […]

São Paulo – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (13) a um grupo de empresários em São Paulo que os presídios brasileiros são “escolas do crime”. “Os presídios brasileiros precisam ser melhorados. Entre passar anos num presídio brasileiro e perder a vida, eu talvez preferisse perder a vida. Os seres humanos quando não são tratados como humanos eles se sentem injustamente violentados”, disse. 

Para o ministro, quem entra em um presídio como pequeno delinquente muitas vezes sai como membro de uma organização criminosa para praticar grandes crimes. “Temos um sistema prisional medieval que não é só violador de direitos humanos, ele não possibilita aquilo que é mais importante em uma sanção penal, que é a reinserção social”, avaliou Cardozo. “Não é porque eu tenho um sistema debilitado, que não oferece condições de reinserção, que eu vou negar o princípio que eu tenho de seguir. Eu tenho é que melhorar o meu sistema, cumprir o meu papel”, disse.

Questionado sobre o julgamento da Ação Penal 470, conhecido como mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), disse: “Eu, como cidadão brasileiro, tenho as minhas impressões, meus sentimentos em relação a esse processo que julgou o mensalão no STF, mas como ministro eu não comentarei jamais. Não me sentiria agindo corretamente no meu ofício se fizesse qualquer comentário.”

O ministro respondia a perguntas feitas pelos empresários na reunião do Grupo de Líderes Empresarias (Lide). Foi questionado a respeito de prisão perpétua, pena de morte e castração química a estupradores e pedófilos. Cardozo mostrou-se contrário à aplicação desses tipos de penas no país.

‘No meu quadrado’

Cardozo afirmou aos empresários que o ministério não pode interferir diretamente no policiamento ostensivo em São Paulo para diminuir a criminalidade crescente. “Eu tenho de atuar no meu quadrado”, disse. “Organizações criminosas têm de ser enfrentadas com energia e vontade política. E competência baseada em métodos de inteligência e planificação. Não se pode fechar os olhos para o crime organizado.”

Para o ministro, não há crime organizado sem haver corrupção. Para ele, o problema está apenas nos “agentes públicos”, mas também no “mundo privado”, que alimenta o ciclo da violência com práticas como a propina. “A corrupção vem da nossa cultura. É um problema no mundo, mas na cultura brasileira a falta de distinção entre o público e o privado é um negócio assustador. Síndico de prédio no Brasil, às vezes, superfatura o capacho da entrada do prédio”, criticou.

Com informações de agências e do portal UOL

Leia também

Últimas notícias